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Dois filmes defendem o direito ao aborto e a autonomia feminina no último dia da competição

Da preocupação social dos hippies ao individualismo do século XXI

Reafirmando o compromisso com a representatividade feminina, o X Janela Internacional de Cinema do Recife terminou a mostra competitiva com uma comédia dirigida por uma mulher, sobre mulheres, no mesmo dia em que um clássico feminista foi exibido no Cinema São Luiz.

Liberdade para uma mulher

Jovem Mulher, de Léonor Serraille, chega ao Brasil depois de vencer o troféu Camera d’Or em Cannes, reservado ao melhor filme de diretor(a) estreante em todo o festival francês. A comédia popular gira em torno de Paula (Laetitia Dosch), figura perdida e histérica após ser abandonada pelo marido.

Por um lado, o filme defende a reconstrução dessa mulher sem a necessidade de encontrar outro relacionamento, nem seguir os padrões de sucesso impostos pela sociedade. Por outro lado, investe numa vertente da comédia contemporânea na qual jovens egocêntricos não conseguem pensar em nada além de si mesmos.

Liberdade para todas as mulheres

Uma Canta, a Outra Não, de Agnès Varda, é um projeto muito mais ambicioso. Em 1976, a cineasta criou a história de amizade entre duas mulheres totalmente diferentes, ao longo de dez anos. Ambas decidem fazer um aborto, em situações distintas, e rejeitam a autoridade masculina. Aos poucos, começam a buscar novas configurações de sociedade e de família.

A boa surpresa do filme é a leveza com que aborda questões tão complexas. Os diálogos são hilários, as atrizes (Thérèse Liotard e Valérie Mairesse) estão excelentes em seus papéis e a narrativa simples torna o conteúdo acessível ao público médio. Destaque para as divertidas canções sobre o aborto e a mulher-bolha.

Bruno Carmelo

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