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FESTIVAL DE GRAMADO HOMENAGEIA EDSON CELULARI EM SUA 46ª. EDIÇÃO

Edson Celulari premiado em Gramado

Edson Celulari prevê novos problemas em sua “passagem” de lado na câmera.

Em fase de preparação do longa-metragem “Atlântico ao Pacífico”, que marcará a sua estreia como diretor, ele sabe que as responsabilidades são bem maiores, mas ressalta um aspecto comum ao ofício de ator: “Em 40 anos de carreira, sempre estive a serviço de contar uma história e, nesta nova função, não será diferente”, registra.

Na cidade da serra gaúcha, Celulari recebeu, na noite de ontem, o troféu Oscarito do 46º Festival de Cinema de Gramado, iniciado na sexta-feira, e aproveitou para falar de seu projeto, que será produzido no Rio Grande do Sul, com o apoio do cineasta Paulo Nascimento.

“Ser diretor, evidentemente, é uma operação mais complexa, pois você tem que lidar com equipe e linguagem”, compara o ator paulista, nascido em Bauru, de 60 anos.

Protagonista de várias telenovelas na Rede Globo, fazendo o papel em novelas como “Sassaricando”, “Cambalacho” e “Que Rei Sou Eu?”, Celulari também participou de vários filmes, sob a batuta de diretores importantes como Djalma Limongi Batista (“Asa Branca” e “Brasa Dormida”), Walter Lima Jr. (“Inocência”), Luís Carlos Lacerda (“For All”) e Ruy Guerra (“Ópera do Malandro”). A experiência com esses realizadores se refletirá em  “Atlântico ao Pacífico”, acredita ele.

Da parceria com o moçambicano – residente no Brasil desde 1958 – Guerra, no musical baseado na peça homônima de Chico Buarque e lançado em 1985, que teve ainda Claudia Ohana e Ney Latorraca no elenco, o ator lembra que o diretor “era muito teimoso, assim como eu era, gerando muitas questões no set; mas como eu era o protagonista, a gente tinha que se entender e, por isso, no dia seguinte, sempre havia uma garrafa de vinho, um buquê de flores”.

Sobre o mercado crescente de séries para TV por assinatura e sites de streming, Celulari aconselha que é preciso ver com bons olhos, destacando as oportunidades que o mercado oferece.

“Fernanda Montenegro dizia que o ofício de ator é 30% talento e o resto é trabalho, além de um pouco de sorte para poder se encaixar no mercado”, assinala o ator, que está na trama da novela “O Tempo Não Para”.

Ressalta que houve uma preocupação, antes do início das gravações, com a prosódia do século XIX, mas que o público acabou aderindo às frases rebuscadas como se fossem “hits”.

“Tenho dois filhos jovens e, como convivo com os amigos deles, percebo o sucesso da novela com pessoas desta faixa etária. Muitos homens, pais de família, que diziam não ver novela, o que era muito comum até certa época, estão gostando. Foi muito mais do que eu imaginava”, analisa.

Ele também falou de como o câncer – em 2016, descobriu que estava com o linfoma não-Hodgkin, que afeta o sistema linfático – serviu para fazê-lo repensar as suas prioridades profissionais e pessoais. “Saí mais forte, com certeza. No início, temos o susto de uma doença grave e a primeira coisa a apreender é  a chance de superar.  E também nos leva a pensar sobre a nossa finitude, de que todos vamos um dia…”, observa Celulari.

Paulo Henrique Silva

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