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Ministro Marco Aurélio concede liberdade ao “Taradão”, assassino de Dorothy Stang/ Por Sérgio Jones*

Liberdade para mandante assassinato de Dorothy

O fazendeiro e meliante Regivaldo Pereira Galvão, conhecido pela alcunha de Taradão, em 2010 foi condenado pelo Tribunal do Júri como um dos mandantes do assassinato da missionária Dorothy Stang ocorrido no dia 12 de fevereiro de 2005, em Anapu (PA).

O indigitado foi condenado a 25 anos de prisão, mas gozava de liberdade por força de habeas corpus que lhe fora concedido em 22 de agosto de 2012.

Mas esta realidade passou por uma mudança alentadora quando por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), no dia 21 de junho de 2017, revogou este habeas corpus e ele voltou à prisão, de onde nunca deveria ter saído.

A apelação da defesa para que ele fosse posto em liberdade foi negado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), que então apelou ao STF, resultando na decisão do ministro Marco Aurélio, que concedeu novo habeas corpus para que Taradão aguarde em liberdade o julgamento definitivo das apelações feitas a outras instâncias do Judiciário.

A sistemática avacalhação do judiciário brasileiro já ultrapassou a todo e qualquer senso moral que se pode e deve nortear uma sociedade minimamente considerada civilizada.

Diante do quadro abusivo e a impunidade reinante nesta nação tão infelicitada. A Diretoria e Coordenação Executiva Nacional da CPT (Comissão Pastoral da Terra), comprometidas com o povo da terra, das águas e das florestas, reiteradamente têm se expressado sobre como a impunidade alimenta cotidianamente a violência contra os trabalhadores e trabalhadoras do campo brasileiro e seus aliados.

Importante destacar que a equipe da CPT em Anapu atuava e atua na defesa dos camponeses que buscam terra e a desejam cultivar de maneira sustentável como a missionária propugnava.

Por isso, no decorrer de praticamente duas décadas vem sofrendo com denúncias, ameaças, agressões diversas, chegando à eliminação física de irmã Dorothy em 2005, e mais recentemente, procedeu-se, à eliminação moral do Padre Amaro, que está em prisão sob as acusações mais esdrúxulas e absurdas para satisfazer a sanha belicosa das bestas ruralistas que não aceitam que alguém se interponha nos seus caminhos trilhados pela ganância, avareza e pela acumulação, cada vez mais, de terras, de capital e de devastação do meio ambiente.

E todo aquele que se arvore em levantar a voz em favor dos sem- terra, dos camponeses pobres, posseiros, ribeirinhos e de outras comunidades rurais certamente vai enfrentar a perseguição e se defrontar com a morte assegurada pela impunidade reinante no país devido a lamentável ação dos podres poderes exercidos pelo Executivo, Legislativo e Judiciário, juntos dão pleno suporte para que estes seres abjetos denominados de latifundiários, que em consonância com a lei, continuem perpetrando os seus crimes impondo seus mesquinhos interesses sobre os povos e comunidades.

Esta omissão, em particular, do governo brasileiro continua fomentando a violência e a impunidade no campo.

Sérgio Jones, jornalista (sergiojones@live.com)

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