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“A quartelada não está fora do cenário, mas os militares não têm projeto”, diz professor Eduardo Costa Pinto

Plano de chamada, acontece ou não

A possibilidade de um golpe militar concreto a partir da mudança na cúpula das Forças Armadas pelo governo Bolsonaro é umas dúvidas que tem permeado boa parte das análises políticas entre esta segunda e terça-feira, quando houve uma reforma ministerial com um total de seis mudanças, inclusive na Defesa, e a demissão conjunta dos chefes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica.

Na opinião do professor da UFRJ Eduardo Costa Pinto, pesquisador da área militar, não é prudente se descartar a hipótese de uma “quartelada”, mas este não é o caminho mais provável, pois segundo ele, “os militares não têm um projeto” e já se sentem no poder, ao ocupar centenas de cargos no governo Bolsonaro, como nunca antes na história brasileira.

“Mesmo que se coloque alguém no comando do Exército, da Marinha ou da Aeronáutica que tenha alguma afinidade maior com o Bolsonaro, nenhum deles irá encampar um projeto, uma lógica aí de um golpe clássico, a partir do topo”, avalia o professor.

“É evidente que, num momento como esse de caos institucional, não podemos descartar a possibilidade de alguma quartelada. Isso não está fora do cenário. Mas os militares hoje, como movimento orgânico, pensando no que foi 64, eles não têm projeto. O que os unifica é o marxismo cultural, a ideia de defesa da pátria (que é a questão da Amazônia e ONGs)… não tem nada a ver com indústria, desenvolvimentismo. Não existe esse militar hoje. Eles pensam ‘não vou entrar nisso porque o custo é enorme’ e eles já estão no poder hoje”, completa.

Demissão inédita nas Forças Armadas

Pela primeira vez na história, os três comandantes das Forças Armadas foram demitidos de uma vez pelo ministro da Defesa, Braga Netto.

A nota oficial do Ministério da Defesa desmente a versão corrente de que eles teriam colocado seus cargos à disposição,  como é de praxe numa situação dessas.

Ao contrário, a nota oficial informou que “os Comandantes da Marinha, do Exército e da  Aeronáutica serão substituídos” e que a “decisão foi comunicada em reunião realizada nesta terça-feira (30), com presença do  Ministro da Defesa nomeado, Braga Netto, do ex-ministro, Fernando Azevedo, e dos  Comandantes das Forças”.

A crise  militar foi gerada pelo anúncio inesperado da saída de Azevedo.

O motivo da demissão sumária do ministro foi o que aliados dele chamaram de “ultrapassagem da linha vermelha”: Bolsonaro vinha cobrando manifestações políticas favoráveis aos interesses do governo.

Tanto Azevedo como o comandante do Exército, Edson Pujol, teriam se recusado a cumprir a orientação de Bolsonaro.

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