Um ano atrás, em 17 de abril de 2016, a Câmara dos Deputados permitiu a abertura do processo de impeachment sem crime de responsabilidade contra Dilma Rousseff que culminou em sua queda.
A coluna de José Roberto Toledo no Estadão sobre o novo Ibope mostra a que ponto chegamos:
Michel Temer chegou a um dígito de popularidade.
Nova pesquisa nacional do Ibope, publicada aqui com exclusividade, mostra o presidente com 9% de ótimo ou bom.
É um ponto a menos do que em março, e quatro a menos do que em setembro.
A tendência de queda continuada é anterior à Lista de Fachin.
A pesquisa fechou antes de as delações da Odebrecht com citações a Temer e oito ministros seus explodirem nas mídias tradicionais e sociais.
Defensores do presidente costumam dizer que a desaprovação é geral, que a revolta é contra todos os políticos.
Pode ser, mas com Temer é pior, bem pior. A taxa de ótimo e bom dos governadores é mais do que o dobro da do presidente: 22%. E a dos novos prefeitos, quatro vezes superior à de Temer: 37%.
Mais importante é que, comparando-se esses resultados com os de dezembro de 2015 (última vez que o Ibope avaliou as três esferas de governo ao mesmo tempo), Temer é o único em baixa.
Na média nacional, o ótimo e bom dos governadores cresceu três pontos, e a dos prefeitos aumentou de 24% para 37%.
O salto de 13 pontos se explica pelo fato de os prefeitos recém-eleitos terem sido empossados há cem dias. Mas os governadores estão há mais tempo no poder do que o presidente, alguns com governos quebrados.
A amostra da pesquisa não permite extrair recortes estaduais, mas, mesmo no Sudeste, onde o Rio de Janeiro passa pela mais grave crise fiscal de sua história, a taxa de ótimo e bom dos quatro governadores é, na média, o dobro da de Temer: 17% a 8%.
No Nordeste, então, é uma lavada: 33% a 5% para os governadores. Comparar a popularidade de Temer com a dos prefeitos nordestinos é covardia: 44% a 5%. Também no Sudeste, 35% a 8%.
José Toledo