Apesar de já ter três filmes lançados, o diretor Michel Hazanavicius apenas viu a carreira decolar em 2011, com O Artista. A ideia de recriar um filme seguindo as limitações técnicas da época do cinema mudo fez sucesso mundo afora, rendendo ao diretor o Oscar. Dois anos depois, ele retorna ao Festival de Cannes com seu novo longa-metragem, The Search, mal recebido pela imprensa internacional em sessão realizada na manhã de hoje.
A premissa inicial de The Search até é interessante: retratar os horrores da guerra através de um olhar humano, tendo como foco principal o conflito ocorrido na Chechênia, em 1999. Só que, para contar a história, Hazanavicius foi maniqueísta ao extremo. O maior exemplo é um dos personagens principais, um garoto que, após ver a família ser morta pelo exército russo, foge com o irmão caçula, ainda bebê. De olhar sempre tristonho, ele abandona o irmão na porta de uma casa e chega à cidade mais próxima, onde tenta sobreviver. Detalhe: durante a primeira metade do filme está sempre usando um gorro onde aparece bordado N.Y., sigla de Nova York, analogia clara da cidade com o objeto de proteção.
Os demais personagens principais também não fogem do estereótipo. A violência militar vem à tona através de um jovem obrigado a participar da guerra, enquanto Bérénice Bejo dá vida à uma funcionária das Nações Unidas que se frustra com a incapacidade de mudar de fato a situação à sua volta.
Por mais que tenha boas intenções, e até dê uma cutucada na ONU, The Search decepciona bastante pela condução da narrativa. Hazanavicius demonstra não ter o menor interesse em caracterizar o porquê da guerra na Chechênia, apenas em usar o conflito como meio através do qual a trama se desenvolve. Ou seja, poderia ser em qualquer outra guerra que não haveria grandes mudanças na história, tantos são os clichês utilizados em cena. Trata-se de um dos piores filmes da mostra competitiva deste ano, juntamente comCaptives.
Fonte: Adorocinema/Harlene Teixeira/ Foto: web.