“Coringa” se tornou o filme baseado em história em quadrinhos mais rentável da história ao alcançar mais de US$ 950 milhões em venda de ingressos desde que foi lançado.
O filme conta a história de como Arthur Fleck, interpretado por Joaquim Phoenix, se transforma no Coringa, o inimigo do Batman e um dos vilões dos quadrinhos mais infames da história.
Coringa conseguiu um retorno de 15 vezes o valor usado para produzir o filme, de acordo com a revista Forbes.
A produção do diretor Todd Phillips custou US$ 62,5 milhões, uma fração do que adaptações de quadrinhos normalmente custam. O filme Vingadores: Ultimato, por exemplo, vendeu US$ 2,8 bilhões em ingressos, mas custou US$ 356 milhões, gerando um retorno de apenas 7,8 vezes o valor investido com a produção.
Ou seja, conseguiu mais dinheiro de bilheteria e gerou um lucro bruto (diferença entre receitas e despesas de produção) maior, mas Coringa obteve um retorno mais expressivo – aí considerada a relação entre as receitas obtidas com bilheteria e os gastos com a produção.
Filme intelectual?
Além do sucesso de bilheteria, o filme Coringa aparece como forte candidato ao Oscar de 2020. “Creio que ele se apresenta como uma adaptação intelectual da história em quadrinhos e a gente comprou essa ideia”, disse a jornalista especializada em cinema Helen O’Hara ao programa Newsbeat, da BBC.
“Os fanáticos por quadrinhos vão assistir, porque é um filme desse gênero. Mas Coringa também é promovido como um filme de HQ para pessoas que são ‘cult’ demais para ver filme de quadrinhos.”
O sucesso de bilheteria de Coringa também ultrapassou o filme “Vendome”, de Tom Hardy, que vendeu US$ 854 milhões em ingressos após um custo de US$ 90 milhões, e Deadpool, de Ryan Reynolds, que obteve US$ 783 milhões em vendas e custou US$ 58 milhões para ser produzido.
Coringa superou ainda filmes antigos de grande sucesso, como Batman, As Tartarugas Ninja e O Máscara.
Próxima parada é a China
Coringa conseguiu esse sucesso antes de estrear na China, que tem a maior população do mundo e poderá agregar grandes somas em dinheiro no cômputo total de lucros.
As restrições para exibição de filmes no gigante asiático são rígidas e filmes estrangeiros com muitas cenas de sexo ou violência às vezes são bloqueados.
“Isso costuma ser um obstáculo para os produtores de blockbusters”, diz O’Hara.
A jornalista especializada em cinema calcula que a venda de ingressos na China poderia somar cerca de US$ 500 milhões aos retornos já obtidos por Coringa.
Críticas ao filme
Coringa tem sido criticado por alguns setores pela maneira como aborda os problemas de saúde mental e pelas cenas de violência.
Todd Phillips, diretor do filme, explicou que uma das razões pelas quais quis fazer Coringa é que a “cultura da consciência social” o impedia de fazer mais filmes como “Se Beber, Não Case”. Segundo ele, uma adaptação de quadrinhos parecia a única oportunidade de conduzir outra produção “irreverente”.
O’Hara diz que Coringa é capaz de mostrar o “poder” de personagens que já existem há muitos anos, ainda que isso signifique menos histórias novas e menos oportunidades para novos atores.
Ela critica, por exemplo, o fato de o filme ser dominado por “homens brancos”.
“Os fãs (da história em quadrinhos) poderiam se revoltar se o diretor escolhesse, por exemplo, um homem negro para interpretar Coringa”, diz O’Hara.
“Mas também vai ter gente protestando se o filme só tiver atores brancos. Então, você acaba se encontrando entre a cruz e a espada ao adaptar uma história antiga.”
“A resposta, evidentemente, é criar histórias novas, mas isso é considerado mais arriscado.”
Coringa tem sido bem recebido, no geral, por críticos e fãs. Isso pode influenciar o ator principal, Joaquim Phoenix que, apesar de ter dito que faria um único filme como o vilão Coringa, agora já admite que “há muito mais a explorar” sobre a história desse complexo personagem.
Nota: Os valores citados no texto não foram corrigidos pela inflação.
BBC