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Morreu no domingo, Nêgo Bispo, um dos maiores intelectuais quilombolas do país

Morreu no domingo Antônio Bispo dos Santos, conhecido como Nêgo Bispo

Antônio Bispo dos Santos, conhecido como Nêgo Bispo, morreu neste domingo (3), no Quilombo Saco-Curtume, em São João do Piauí (PI), aos 63 anos.

Escritor, pensador, professor e ativista social, era considerado um dos maiores intelectuais quilombolas do país.

Ativista político e militante no movimento quilombola e nos movimentos de luta pela terra, atuou na Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas do Piauí (CECOQ/PI) e na Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ).

Escreveu artigos e livros sobre a história de resistência do povo negro e elaborou o conceito de contracolonialismo.

Nêgo Bispo faleceu em decorrência de complicações provocadas por diabetes. A morte foi causada por uma convulsão seguida por parada cardíaca.

Ele desmaiou em uma área de lazer na comunidade quilombola, foi levado ao hospital, mas não resistiu e faleceu.

Repercussões

A CONAQ declarou que a contribuição dele será lembrada e reverenciada por gerações. “Sua contribuição inestimável para a compreensão e preservação da cultura e identidade quilombola será lembrada e reverenciada por gerações.”

O ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Weelington Dias, ex-governador do Piauí, disse que o movimento quilombola, o Piauí e o Brasil perdeu “uma voz que ecoou em nossos corações e nos ensinou muito”.

O ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, também lamentou a morte de Nêgo Bispo: “Um importante pensador brasileiro e ativista quilombola”, e que deixará “um legado inesquecível para a cultura nacional”.

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, também se pronunciou sobre a morte de Bispo.

“Eu vou falar de nós ganhando, por que pra falar de nós perdendo eles já falam. Um dos maiores pensadores da nossa época ancestralizou. Nego Bispo fez a passagem e deixou aqui um legado enorme para o pensamento negro brasileiro. Um abraço a toda sua família e amigos”.

Quem é Nêgo Bispo

Nêgo Bispo, nasceu em 10 de dezembro de 1959 no então povoado Papagaio, atualmente município de Francinópolis.

Foi presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Francinópolis e diretor da Federação dos Trabalhadores da Agricultura no Estado do Piauí (Fetag).

É reconhecido como um dos principais pensadores do tema comunidades tradicionais do Brasil.

Escreveu os livros “Quilombo, Modos e Significados” e “Colonização Quilombos: Modos e Significados”, além de vários outros artigos, também dirigiu o filme-documentário “O Jucá da Volta”, em parceria com o IPHAN.

Edição: Vivian Veríssimo

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