Tempo - Tutiempo.net

Últimos momentos do adeus a Francisco Brennand na Capela Imaculada Conceição

Morte de Francisco Brennand

As horas que precederam a ida do corpo do artista plástico Francisco Brennand ao cemitério Morada da Paz, em Paulista, na Região Metropolitana do Recife, foram marcadas por comoção e homenagens.

Na manhã desta sexta-feira (20), familiares, amigos e pessoas que conviveram com o artista prestaram as homenagens na Capela Imaculada Conceição, que fica dentro da oficina de cerâmica de Brennand.

A saída do corpo em direção ao cemitério aconteceu ás 9h.

No cemitério, familiares mais próximos participaram da cerimônia de cremação, que ocorreu por volta  volta das 11h.

Após a cerimônia as cinzas foram depositadas em uma urna que repousará no chamado Templo do Sacrifício, localizado ao lado da capela.

Dentro do templo há um mausoléu construído pelo próprio Francisco. As cinzas serão dispostas no mausoléu.

Com pouca movimentação na manhã desta sexta-feira, amigos e familiares deram o último adeus ao influente ceramista e artista plástico.

O motorista Marcos Rocha, que há 26 anos trabalhava com Francisco

declarou que “Ele era um homem fantástico, fizemos muitas viagens e passamos por muitos momentos maravilhosos. Ele era incansável, ouvia e percebia tudo”. “Ele deixa um legado para todos nós, para o Brasil e para nosso estado. Estava sempre pensando no futuro, costumo dizer que ele estava sempre à frente”, ressaltou.

Histórico do artista

A história da família Brennand no Brasil tem início no ano de 1820, com a chegada de Edward Brennand, originário de Manchester, Inglaterra, para trabalhar em uma empresa inglesa ligada à ferrovia.

Edward acabaria por se fixar em Maceió, casando-se com Francisca de Paula Moura. Um dos filhos do casal, Ricardo Moura Brennand, casa-se com Maria Vinifrida Monteiro. Desta união, nasceu Ricardo Monteiro Brennand, que, por sua vez, viria a se casar com Dona Francisca de Paula Cavalcanti de Albuquerque Lacerda de Almeida Brennand. Em 1897 nasce, no Recife, o filho do casal, Ricardo de Almeida Brennand.

Em 1917, Ricardo cria a primeira fábrica de cerâmicas da família – a Cerâmica São João – nas terras do antigo Engenho São João da Várzea, no Recife, herança recebida de D. Maria da Conceição do Rego Barros Lacerda, uma prima de sua mãe.

Painel de Francisco Brennand no exterior do icônico edifício sede da Bacardi, em Miami, Estados Unidos.
Francisco Brennand, segundo filho de Ricardo de Almeida Brennand e Olímpia Padilha Nunes Coimbra, nasceu nas terras do antigo Engenho São João.

Durante o ensino médio,após conhecer o trabalho do escultor Abelardo da Hora, Francisco Brennand desenvolve seu interesse pelo desenho e pela literatura.

No mesmo período conhece Débora de Moura Vasconcelos, sua futura esposa, e Ariano Suassuna, seu colega de classe, com quem produzia um jornal literário, encarregando-se de realizar as ilustrações para os textos e poemas de Ariano.

Inicialmente, Brennand acreditava ser a cerâmica uma arte utilitária, menor, e por isso dedicou-se sobretudo à pintura a óleo.

Entretanto, ao chegar à França, em 1948, deparou-se com uma exposição de cerâmicas de Picasso, e descobre que muitos dos artistas da Escola de Paris haviam passado pela cerâmica: além de Picasso, Chagall, Matisse, Braque, Gauguin, e sobretudo o catalão Joan Miró.

Já no início da década de 1950, de passagem por Barcelona, Brennand descobre Antoni Gaudí, cujas obras — com suas formas sinuosas e o uso do trencadís, tradicional técnica catalã — causam-lhe forte impressão.

Após o seu primeiro período na Europa (1948–1951), Brennand retorna ao Brasil mas, logo em 1952, decide aprofundar-se no conhecimento das técnicas da cerâmica, iniciando estágio em uma fábrica de majólicas na cidade de Deruta, na província de Perúgia, Itália.

Durante esse estágio, Brennand inicia suas experiências com o uso de esmaltes cerâmicos e queimas sucessivas da peça, em temperaturas variadas.

A cada entrada da peça no forno, é aplicada uma camada diferente de esmalte, o que dá à superfície uma grande variedade de cores e texturas.

Na década de 1970, Brennand participa do Movimento Armorial, juntamente com Ariano Suassuna, seu principal idealizador.[8]

No seu ateliê, instalado nas terras do antigo Engenho (depois Cerâmica) São João, no bairro da Várzea, no Recife, estão expostas muitas de suas obras, parte delas dispostas a céu aberto, em um grande jardim central.

Morreu em 19 de dezembro de 2019, vítima de infecção respiratória no Real Hospital Português de Beneficência, na cidade do Recife.

O artista plástico estava fazendo um tratamento contra uma pneumonia. O corpo foi velado na Capela Imaculada Conceição, na Oficina Cerâmica Francisco Brennand e cremado no cemitério Morada da Paz, em Paulista/PE.

Francisco Brennand

OUTRAS NOTÍCIAS