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Garota de programa Lola Benvenutti já dormiu com mais de 3 mil homens

Lola Benvenutti na verdade se chama Gabriela Natália Silva. Nascida em Pirassununga, cidade do interior de São Paulo, formou-se em Letras pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), mas decidiu tornar-se garota de programa porque realmente “gosta da coisa”. O interesse pelo sexo começou quando Lola ainda era criança.

 

– Eu tinha uns nove anos de idade e me lembro de colocar o Ken e a Barbie pelados um sobre o outro simulando a noite de núpcias. Eu ficava muito excitada!
A descoberta da sexualidade de Lola não se deu apenas com uma simples brincadeira com bonecos. Os seios à mostra das passistas que sambavam na Praça da Apoteose no Carnaval do Rio também mexiam com o imaginário daquela menina.

 

– Eu via a mulherada pelada e ficava estimulada. Um dia coloquei um travesseiro entre as pernas e me deu uma coisa. Minha mãe viu e me perguntou o que era aquilo. Disse que nada, mas entendi que ali talvez tivesse alguma coisa que era proibida.
O adeus à virgindade deu-se precocemente. Lola tinha apenas 11 anos de idade e conta como foi que aconteceu.

 

– Foi com um cara de 30 que eu conheci na internet. Não me senti violada, nem estuprada. Foi um processo natural. Ele estava mais nervoso que eu. Ele não sabia ao menos abrir a minha blusa, mas enfim, fiz com naturalidade.
O tempo passou, Lola seguiu se relacionando com alguns garotos, um ou outro tornaram-se namorados, mas aos 17 anos de idade decidiu cobrar por aquilo que já fazia de graça.

 

– Comecei (a cobrar) porque via (a prostituição) como algo glamouroso e não com vulgaridade. Via a (atriz) Audrey Hepburn como a Bonequinha de Luxo (filme da década de 1960) e achava lindo, queria uma vida daquela pra mim. A imagem de prostituição que tenho é muito mais essa do que qualquer outro nicho tipo Rua Augusta, por exemplo. Sempre achei glamouroso um cara pagar para ter sexo. Isso empondera a mulher. As feministas querem me matar quando eu falo isso (risos).

Durante o tempo em que fez faculdade, Lola manteve o trabalho de prostituta com discrição. Assim que concluiu o curso, ela lançou um blog contando suas aventuras, onde também oferecia seu trabalho. Nesta época, a relação dela com a família, em especial com os pais, ficou crítica.

 

– Se por uma lado ganhei minha liberdade, por outro perdi um bem muito precioso que foi a minha família. Esse processo de aceitação dos meus pais foi muito doloroso. Sofri muito com a indiferença da minha mãe. Ela passou um ano sem falar comigo.
Filha de um ex-militar com uma enfermeira, Lola ainda assim preferiu seguir em frente.

 

– Ser prostituta é uma batalha diária. Você sempre vai encarar uma situação ruim, algum preconceito. Mas nunca pensei em desistir. Ser puta é negar tudo aquilo que eu sou.
Quando nova, Lola desejou começar a tatuar o corpo como forma de se assumir como realmente era: uma garota descolada.

 

– Não porque eu era rebelde, mas porque queria ter uma tatuagem. Acho que essa coisa de me assumir puta e de ser tatuada choca muito as pessoas, mas nunca me senti uma pessoa rebelde, é diferente. Tatuagem, piercing, isso tudo nunca foi para afrontar meus pais. Era uma forma de assumir quem eu realmente era.

Amante de literatura, Lola não esconde sua admiração pelos escritores Guimarães Rosa e Manuel Bandeira. Tanto é que tatuou na sua pele clara trechos de obras importantes destes dois grandes mestres do gênero.

No braço ela recita Bandeira. “Dizer insistentemente que fazia sol lá fora”
Já nos ombros, sentencia Guimarães Rosa. “Digo: O real não está na saída nem na chegada. Ele se dispõe para a gente no meio da travessia”.
Lola diz que não faz ideia de quantos homens já se relacionou, mas acredita que o número passe dos 3 mil.

 

– É bem possível que com mais de 3 mil. Já transei com muita gente. Tenho carinho pelas pessoas. Acho que foi isso que me fez chegar até aqui e é o que faz com quem as pessoas me liguem. Não trato o sexo de uma maneira mecânica e convencional. Me importo com as pessoas e elas sabem disso.
No início eram de oito a dez programas por dia, diz ela.

 

– Foi uma fase. Eu também não sabia administrar tudo isso recém-chegada em São Paulo. Eu não comia, não dormia, era um ritmo frenético. Hoje eu atendo no máximo duas ou três pessoas, cobrando um valor mais acima também.
Nem sob tortura Lola releva o que já conseguiu comprar com o dinheiro de seu trabalho, diz apenas que comprou um carro (ela tem um Fiat 500) e um apartamento nos Jardins, bairro nobre da cidade de São Paulo.

 

– Tenho muitas roupas, gosto de ter um relógio bacana, eu vivo bem. Gosto de ir a bares e pedir uísque, e eventualmente fumo um bom charuto.
Lola conta que os agendamentos com seus clientes são feitos diretamente com ela.

 

– A pessoa me liga, fala comigo e marca. Eu cobro também com cartão de crédito. Tenho a maquininha e parcelo em até duas vezes. É engraçado isso, né! Mas é assim mesmo (risos).
Outra inovação que promete fidelizar ainda mais sua clientela está num projeto que Lola está desenvolvendo.

 

– Estou criando um sistema para os clientes Premium, onde a pessoa terá um club de vantagens com direito a alguns benefícios ou uma saída a mais comigo.
Por trás das cifras já conquistadas por Lola há também muitas, muitas histórias. Uma delas aconteceu na cidade de Ribeirão Preto, a 313 quilômetros de São Paulo, onde transou com 15 casais ao mesmo tempo.

 

– Fui chamada para uma festa privê que reuniu a alta sociedade da cidade. Tudo era muito sofisticado. Já tinha participado de swings, mas eram mais modestos. Foi f***, atendi as 30 pessoas, e algumas delas mais de uma vez. Depois de uma dessa, fico uns dias de repouso, faço uma compressa com camomila para dar uma “acalmada”, porque o negócio é punk!

Lola mal se recuperou de um choque, e já caiu em outro, esse ainda mais surreal, quando resolveu atender um cliente de 90 anos de idade.

– O cara era muito louco. Essa foi uma cena que me chocou muito. Eu ainda morava em um hotel, quando um dos recepcionistas me disse que estava rolando uma festinha em um dos quartos e que o tal hóspede queria me conhecer. Lembro do rapaz me dizendo: ‘mas só não se assusta na hora que for entrar, tá?’
Lola descreveu a cena.

 

– Era um senhor. Ele não conseguia nem andar direito por causa da idade. Estava sendo carregado e não tira ereção. Com ele, haviam dois garotos de programa, daqueles bem fortes, e mais uma menina. Vi um monte de consolo de tamanhos colossais espalhados pelo apartamento, rolando tudo o que você podia imaginar. O cara gostava mesmo de inversão de papel.
Cenas engraçadas e acontecimentos constrangedores também já arrancaram boas risadas de Lola durante o trabalho.

 

– Uma vez um cara saiu comigo e na hora que ele tirou a roupa vi que ele tinha uma tatuagem na pélvis que era um cadeado com o nome da ex-namorada. Eu não consegui parar de rir. Ri tanto que o cara até brochou. Outra vez um outro cara também soltou um pum, era um senhor. Eu não tinha entendido. Ouvi o barulho e na hora ele pediu desculpa. Lembro que o músculo do meu rosto contraiu de um jeito que eu não conseguia mais parar de rir (risos).
E não é porque Lola escolheu trabalhar como garota de programa que ela topa tudo que a pedem, certo?

 

– Uma vez um cliente me ligou me pedindo para transar com ele e a mãe junto. Nem pensar! É muito esquisito. Outro queria que eu transasse com um orangotango na frente dele. Sem contar numa outra proposta que recebi, em que o cara queria que eu treinasse os cães dele para zoofilia (sexo com animais) Não, né!

A moça das letras, que se prepara para lançar seu primeiro livro contando sobre o dia a dia com seus clientes, falou ainda sobre a experiência dos seus atendimentos com mulheres.

– Com mulher é mais delicado. Por exemplo, eu cobro 10% a mais para atender uma. Rola mais envolvimento… Às vezes acontece delas me perseguirem. Geralmente são meninas mais novas, carentes, que estão se descobrindo. E aí acontece dela ter um orgasmo comigo e aquilo muda a vida dela. Por isso tenho que tomar cuidado para ser legal mas nem tanto. Mulher tem uma predisposição maior para se apaixonar, homem já não.
Lola, que já namorou sério enquanto trabalhava (o namorado era cliente antes), disse também sobre a tão falada questão do beijo.

 

– Acho isso uma babaquice. Lógico, se chega um cara ali com um bafinho eu dou uma viradinha de rosto, uma coisa discreta, dou um beijinho sem língua. Mas a priori eu acho que tem que beijar. O sexo começa no beijo.
Lola, que nesta segunda-feira (11) lançará O Prazer é Todo Nosso, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, na Avenida Paulista, em São Paulo, falou também a respeito do acompanhamento médico que faz regularmente.

 

– Tenho uma médica que me acompanha sempre e sempre faço exames de sangue. Minha mãe que é enfermeira, sempre esclareceu tudo pra mim: usar camisinha, doenças, gravidez, tudo. Sempre fui muito preocupada e jamais transo sem camisinha.
Sabendo dos riscos que corre dentro da sua profissão, Lola segue ainda à risca alguns cuidados quando se prepara para atender um determinado cliente.

– Eu nunca levo ninguém para a minha casa. Não vou na casa de nenhum cliente. Atendo somente em motéis que eu conheço e também não entro no carro de ninguém. Se eu sentir alguma coisa estranha na conversa do cara eu já caio fora.

 

Vale a pena ser prostituta?

– Pra mim valeu muito a pena porque eu me descobri como pessoa em todos os sentidos, mas acho que tem um lado social muito complicado que é força e fibra para aguentar diariamente… São questões que só cada uma das pessoas pode avaliar. Eu digo que eu não recomendo isso para ninguém. Cada um tem que escolher o seu caminho. Eu escolhi e não me arrependo.

 

Fonte: Texto e Reportagem: Aurora Aguiar

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