Tempo - Tutiempo.net

‘Meu Deus, o que nós fizemos?’: Como foram os voos dos EUA que lançaram as bombas atômicas

Explosão da bomba atômica sobre Hiroshima

Há exatos 78 anos ocorria o bombardeio atômico à cidade de Nagasaki, no Japão.

O começo do mês de agosto de 1945 ficou marcado como um dos mais sombrios da história, com os ataques nucleares que dizimaram duas cidades, matando milhares de pessoas imediatamente.

Como foram os bombardeios?
No dia 6 de agosto, o primeiro bombardeio foi realizado pelo B-29 batizado de Enola Gay. A aeronave havia partido às 2h45 de Tinian, nas Ilhas Marianas.

Paul Tibbets era o piloto do avião, e já tinha conhecimento do projeto Manhattan. A iniciativa era liderada pelo físico Julius Robert Oppenheimer, e desenvolveu os artefatos nucleares.

Os tripulantes foram informados apenas no dia anterior do lançamento sobre o verdadeiro poder da bomba que eles estavam prestes a transportar.

O voo até o Japão durou cerca de seis horas. Após passar por Iwo Jima, o avião começou a subir para a altitude de bombardeio.

‘O que nós fizemos?’
Às 8h15 local, o B-29 lançou a bomba batizada de Little Boy sobre a cidade de Hiroshima enquanto voava a uma altitude de cerca de 9 km.

A bomba explodiu em torno de 580 metros de altura, matando instantaneamente milhares de pessoas. A tripulação do avião viu o clarão da explosão naquele momento.

Explosão das bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki, no Japão.
Após 50 segundos, e a mais de 20 km de distância do local da detonação, o avião foi atingido pela onda de choque da explosão.

Um dos tripulantes relatou em seu diário que poderia ter dito de maneira inconsciente no rádio “Meu deus, o que nós fizemos?”.

A tripulação não tinha conhecimento claro da dimensão do poder da bomba nem muitos detalhes de suas características.

A segunda bomba
No dia 9 de agosto, os militares já tinham noção do que estava acontecendo, embora ainda não fosse fácil acreditar no poder de explosão da bomba. Foi neste dia que o segundo artefato foi lançado.

Em nova missão, os militares rumavam com destino à cidade de Kokura. Entretanto, o mau tempo sobre a cidade impediu o lançamento.

Com isso, rumaram à cidade de Nagasaki, um forte polo industrial do país. Com pouco combustível, não teriam como tentar um segundo lançamento.

No último instante, as nuvens se abriram sobre Nagasaki, e os norte-americanos jogaram a bomba. A segunda bomba, batizada de Fat Man, foi lançada de outro B-29, batizado de Bockscar.

Ela explodiu 47 segundos depois de ter sido lançada, a cerca de 500 metros de altura. Novamente, milhares de pessoas foram mortas instantaneamente, além de contaminar um número indeterminado de outros cidadãos japoneses.

Os aviões
O avião que lançou a primeira bomba atômica sobre o Japão foi batizado de Enola Gay. Esse bombardeiro B-29, fabricado pela Boeing, leva esse nome em homenagem à mãe do piloto daquele episódio, Paul Warfield Tibbets Jr.

O ataque americano foi decisivo para o fim da Segunda Guerra Mundial na Ásia, com a rendição do Japão. O bombardeio matou instantaneamente cerca de 80 mil pessoas.

O nome foi pintado logo abaixo da janela da cabine de comando horas antes do voo de lançamento. Hoje ele está em exposição no Museu Nacional do Ar e Espaço Smithsonian, e sua exibição pública é alvo de polêmicas em decorrência da quantidade de mortes que sua ação causou.

Já o B-29 Bockscar teria esse nome em referência ao seu piloto habitual, Frederick Bock. Entretanto, naquele dia, Bock acabou voando em um outro avião, e Charles Sweeney assumiu o comando do B-29 Bockscar, que terminou lançando a bomba Fat Man sobre Nagasaki.

Hoje, o Bockscar está em exposição no Museu Nacional da Força Aérea dos Estados Unidos. Ambas as aeronaves ainda voaram em missões dos EUA após a Segunda Guerra Mundial.

Ficha técnica – Enola Gay
Modelo: Bombardeiro B-29
Fabricante: Glenn L. Martin/Boeing
Envergadura: 43,1 metros
Altura: 8,5 metros
Comprimento: 30,2 metros
Velocidade de cruzeiro: 354 km/h
Velocidade máxima: 575 km/h
Altitude máxima de voo: 10 km
Tripulação: 12
Preço: US$ 639 mil à época (mais de R$ 3 milhões)

Alexandre Saconi

OUTRAS NOTÍCIAS