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Brasil, BRICS e União Africana juntos na guerra contra a fome

Lula e o primeiro ministro etíope

Em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil, o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, falou sobre uma das prioridades do país à frente do G20: a aliança global para salvar 735 milhões no mundo em situação de aguda insegurança alimentar. Entre os principais aliados estão o BRICS e a União Africana.

O Brasil começou o ano de 2024 com a difícil missão de presidir o G20, grupo que reúne as 20 maiores economias do mundo, em meio a um cenário global de instabilidade e crescimento da pobreza extrema como uma das consequências da pandemia.

Até a cúpula que vai reunir os chefes de Estado em novembro no Rio de Janeiro, o país busca apoio para viabilizar a criação da Aliança Global contra a Fome, iniciativa que prevê a criação de um fundo com ações para retirar mais de 735 milhões de pessoas no mundo do Mapa da Fome.

Recém-chegado da intensa agenda da comitiva brasileira no continente africano, liderada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, ressaltou, em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil, que a proposta foi fortemente “abraçada” pelos países da região.

“Estivemos na Etiópia para o fórum extraordinário [da União Africana] com 55 países da África, além da presença da Liga Árabe, e recebemos o compromisso da participação [do grupo] nesse esforço para criar uma aliança global contra a fome e a pobreza.

Ninguém conhece mais a África do que os próprios africanos, e assim o presidente Lula quer trabalhar, respeitando a autonomia, a soberania e a capacidade técnica daquilo que tem dado resultado em cada país”, resumiu o ministro.

Região mais afetada pelo problema, a África tem uma a cada cinco pessoas passando fome, o dobro da média mundial.

O último levantamento da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, na sigla em inglês) mostrou que entre 2019 e 2022 o número de pessoas nessa situação aumentou em 122 milhões, inclusive com retorno do Brasil ao Mapa da Fome.

Apesar disso, diante da experiência brasileira em programas de transferência de renda nas últimas décadas, como o Bolsa Família, que foi reestruturado no último ano, o país pode atuar como um coordenador da aliança.

No fim de maio, o Brasil vai receber em Teresina, capital do Piauí, uma conferência com cerca de 150 autoridades do mundo para discutir experiências e formular um primeiro esboço da proposta mundial de combate à fome.

“A ideia não é substituir nenhum organismo existente, mas apenas retomar aquele compromisso de 2015 [quando os países se comprometeram a acabar com a fome até 2030], que, inclusive por conta da pandemia, acabou abandonado.

A situação piorou, e não é possível que um mundo com tanta capacidade tecnológica e melhoria na produção de alimentos não tenha esse compromisso humanístico de garantir aos seres humanos o que eles mais precisam em qualquer país”, acrescenta, ao lembrar que a iniciativa também já ganhou forte apoio no BRICS, que neste ano recebeu a entrada histórica de novos membros (Etiópia, Egito, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Irã), que se juntaram a Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul

Lucas Morais

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