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Em Nova York, Lula reafirma seu compromisso com a criação do estado palestino

Lula e Mahmoud Abbas

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que foi protagonista da Assembleia Geral das Nações Unidas, com um poderoso discurso contra o neoliberalismo e as desigualdades no mundo, reafirmou seu compromisso com a criação do estado palestino.

No dia de ontem, ele se encontrou com o líder palestino Mahmoud Abbas e defendeu dignidade para quem vive nos territórios ocupados. Confira e saiba mais:

Mudanças climáticas, combate à desigualdade social e à fome e a defesa da democracia foram as partes centrais do discurso do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na abertura da 78ª Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), na manhã desta terça-feira (19/09).

Como ocorre todos os anos, o presidente do Brasil faz o discurso inaugural de chefes de Estado, na abertura do debate geral, que concentra os líderes dos 193 países membros da ONU.

Essa ida de Lula marca seu retorno à ONU exatos 20 anos após sua primeira participação. Ao iniciar seu discurso, o presidente destacou que mantém uma confiança inabalável na humanidade em vencer desafios e evoluir para formas superiores de convivência, reiterando o que disse ao ocupar aquele parlamento em 2003.

Disse, no entanto, que muitos dos problemas já existentes naquele ano ainda persistem até hoje. “A fome, tema central da minha fala neste Parlamento Mundial 20 anos atrás, atinge hoje 735 milhões de seres humanos, que vão dormir esta noite sem saber se terão o que comer amanhã”, lembrou.

O presidente brasileiro ressaltou que o mundo está cada vez mais desigual e que os 10% maiores bilionários mundiais possuem mais riqueza que os 40% mais pobres da humanidade.

“É preciso, antes de tudo, vencer a resignação, que nos faz aceitar tamanha injustiça como fenômeno natural. Para vencer a desigualdade, falta vontade política daqueles que governam o mundo”, afirmou.

Lula reiterou que o Brasil está comprometido em implementar os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, de maneira integrada e indivisível, e falou sobre as medidas adotadas recentemente pelo seu governo para combater a desigualdade.

Entre as ações, ele citou o plano Brasil sem Fome, que vai reunir uma série de iniciativas para reduzir a pobreza e a insegurança alimentar, dentre as quais se inclui o Bolsa Família, que se tornou referência mundial em programas de transferência de renda para famílias que mantêm crianças vacinadas e na escola.

O presidente apontou, ainda, a aprovação da lei que torna obrigatória a igualdade salarial entre mulheres e homens no exercício da mesma função e que o governo brasileiro está empenhado no combate ao feminicídio e todas as formas de violência contra as mulheres.

Lula ainda reforçou que será rigoroso na defesa dos direitos de grupos LGBTQI+ e pessoas com deficiência. “Resgatamos a participação social como ferramenta estratégica para a execução de políticas públicas”, disse Lula.

Mudança do Clima – O presidente Lula também lembrou que, em 2003, quando fez seu primeiro discurso na ONU, o mundo ainda não havia se dado conta da gravidade da crise climática.

“Hoje, ela bate às nossas portas, destrói nossas casas, nossas cidades, nossos países, mata e impõe perdas e sofrimentos a nossos irmãos, sobretudo os mais pobres”, afirmou.

Ele ressaltou que os países ricos cresceram baseados em um modelo com altas taxas de emissões de gases danosos ao clima e que é preciso corrigir com responsabilidade diferenciada, já que os 10% mais ricos da população mundial são responsáveis por quase a metade de todo o carbono lançado na atmosfera.

O presidente frisou que o Brasil está na vanguarda da transição energética, com 87% da matriz elétrica proveniente de fontes limpas e renováveis e que o Plano de Transformação Ecológica aposta na industrialização e infraestrutura sustentáveis.

“Retomamos uma robusta e renovada agenda amazônica, com ações de fiscalização e combate a crimes ambientais. Ao longo dos últimos oito meses, o desmatamento na Amazônia brasileira já foi reduzido em 48%”, destacou.

Luiz Inácio Lula da Silva ainda defendeu a mobilização de recursos financeiros e tecnológicos para implementar o que foi decidido no Acordo de Paris e no Marco Global da Biodiversidade.

“A promessa de destinar 100 bilhões de dólares – anualmente – para os países em desenvolvimento permanece apenas isso, uma promessa. Hoje, esse valor seria insuficiente para uma demanda que já chega à casa dos trilhões de dólares”, afirmou.

Outros temas – Em seu discurso, o presidente também abordou a preservação da liberdade de imprensa e condenou as guerras, os conflitos armados e as rupturas institucionais em países como Burkina Faso, Gabão, Guiné-Conacri, Mali, Níger e Sudão. Sobre o Brasil, Lula reiterou que seu retorno à condição de presidente se deu graças à vitória da democracia no país.

“A democracia garantiu que superássemos o ódio, a desinformação e a opressão. A esperança, mais uma vez, venceu o medo”, concluiu.

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