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Mulher divulga discriminação em entrevista de emprego com recrutador: “Ainda estou sem acreditar”

Discriminação no recrutamento

Uma moradora de Cariacica, no Espírito Santo, compartilhou nas redes sociais um caso de discriminação que enfrentou durante uma entrevista de emprego.

Samara Braga, de 32 anos, desempregada há dois meses, relatou o ocorrido no LinkedIn como um alerta para outros profissionais.

O recrutador atrasou três horas para começar a entrevista e, quando ela disse que não poderia participar no novo horário, a questionou sobre “a rotina de tantos compromissos de um desempregado” e disse ser “sempre difícil contratar quem tem filhos”.

“Aconteceu comigo e estou sem acreditar que exista profissional assim. Não é o tipo de publicação que as recrutadoras gostam de ver no perfil [da rede social], mas é necessário compartilhar”, escreveu.

O recrutador entrou em contato no dia anterior da entrevista e marcou uma conversa on-line sem passar detalhes da vaga, segundo a candidata. Depois, além de não comparecer no horário agendado, ele se recusou a remarcar a entrevista.

“Postei [no LinkedIn] para que outros recrutadores não façam isso. Pensem que do outro lado tem uma pessoa que está desempregada, mas que tem uma rotina. Essa pessoa trabalha de alguma outra forma, em casa, cuidando de um filho, fazendo um extra, fazendo um bico. Então a pessoa não está à toa”, afirma.

A legislação trabalhista veda toda prática de discriminação em qualquer fase do contrato de trabalho, inclusive na de recrutamento e contratação, segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

“Critérios como estado de gravidez, situação familiar, entre outros, não podem ser utilizados como fatores que ensejem prejuízos ou desvantagens dos candidatos às vagas de emprego.”

Samara disse que o episódio sobre questionamentos envolvendo a carreira e a maternidade não foi isolado. Algumas amigas dela já afirmaram que passaram por situações envolvendo questionamentos sobre os filhos em entrevistas de empregos. Também há comentários na publicação com outros exemplos.

“Precisamos de um amparo maior para exercer essa maternidade com mais tranquilidade. Ter liberdade para trabalhar sem ser questionada se temos filhos, com quem deixamos. Essas perguntas são frequentes nas entrevistas para mulheres, mas não são perguntadas para homens.”

O filho da administradora tem 6 anos e, mesmo em busca de uma oportunidade de emprego na área, ela afirma que é possível equilibrar as funções de mãe com a produção de doces, como bolos e pudins.

“Me senti ofendida, discriminada, humilhada de ter que estar me desdobrando para colocar comida dentro de casa e ainda precisar passar por isso. A mulher precisa ter que se reinventar, ter que empreender a todo momento para poder sobreviver. Um filho não impede uma mulher de trabalhar, pelo contrário, ele é uma motivação.”

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