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O NASCIMENTO DO GRANDE ORIENTE DO BRASIL

Grande Oriente do Brasil Poder Central

A 28 de maio de 1822, por convite do capitão de engenheiros, João Mendes Viana, reuniram-se os maçons do Rio de Janeiro numa grande assembleia magna da Loja “Comércio e Artes”, com o objetivo de resolverem a instalação der um Grande Oriente nacional que pudesse servir der base às aspirações da independência que era a preocupação máxima da maioria dos maçons maçons brasileiros.

Aprovada a ideia, procedeu-se à instalação com as formalidades do ritual, e elegeu-se logo em seguida a Alta Administração que ficou assim constituída: Grão Mestre, José Bonifácio de Almeida e Silva; Delegado do Grão Mestre, Marechal Joaquim de Oliveira Alvares; 1° Vigilante, Joaquim Gonçalves Ledo; 2° Vigilante, Capitão João Mendes Viana; Grande Orador, Cônego Januário da Cunha Barbosa, Grande Secretário, Capitão Manuel José de Oliveira; Grande Chanceler, Francisco das Chagas Ribeiro; Promotor Fiscal, Coronel Luiz Pereira da Nóbrega Sousa Coutinho; Grande Cobridor, João da Rocha e Grande Esperto, José de Carvalho.

Foram sorteados os membros da Loja Comércio e Artes; União e Tranquilidade e Loja EsperançA DE Niterói. Encerrando a sessão sob o juramento solene der que a Nova Potência Maçônica Independente tinha um fim específico a cumprir:  fazer a Independência do Brasil.

Vamos conhecer o ‘Balaustre’ desta sessão magna especial em que foi fundado e instalado o Grande Oriente do Brasil.

Tal como foi gravado no “Livro Especial de Arquitetura das Assembleias Gerais”.

“À Glória do Grande Arquiteto do Universo, aos 28 dias do 3° mês do ano da Verdadeira Luz, de 5.822, achando-se abertos os Augusto trabalhos da nossa Ordem em o grau de aprendiz e havendo descido do Oriente o Irmão Graccho, Venerável da Loja “Comércio e Artes” única até este dia existente e regular no Rio de Janeiro e            que nessa ocasião resumia o povo Maçônico  reunido para a inauguração e criação de um Grande Oriente Brasileiro em toda sua plenitude de seus poderes, foi por  aclamação nomeado o Irmão Graccho, que acabava de Venerável, para presidente da sessão magna e extraordinária, naquela ocasião convocada para a eleição dos oficiais da Grande Loja na conformidade do parágrafo-Capítulo da parte da Constituição jurada. Tomando assento no meio do Quadro, em mesa para esse fim preparada, na qual estavam, o Evangelho. O Compasso, a Esquadria, a Constituição e uma urna, disse o irmão presidente que era mister nomear um secretário e um escrutinador para a apuração dos votos na presente reunião; e sendo eleito o irmão Magalhães que servira de primeiro Vigilante e o irmão Aníbal, que servira der segundo, aquele para secretário e este para escrutinador, fez o Presidente ler os artigos da Constituição respeitantes à eleição e logo depois o Presidente disse que ser passasse a fazer a nomeação de Grão Mestre da Maçonaria Brasileira, foi nomeado por aclamação o irmão José Bonifácio de Andrade. Propôs o irmão Presidente que se aplaudisse tão distinta escolha com a tríplice bateria, e se despachasse ao eleito uma deputação a ´participar-lhe este sucesso e a rogar-lhe seu comparecimento para prestar juramento de tão alto emprego. Foram nomeados para a deputação o irmão Diderot e o irmão Demétrio, os quais voltaram dizendo o irmão Diderot que o Grão Mestre por motivos de obrigação a que o chamava o seu emprego civil não podia comparecer, que aceitava o cargo com que a Loja o honrava e o agradecia; que protestava a todo o corpo maçônico brasileiro a mais cordial amizade; e todos os serviços que lhe fossem possíveis. Procedeu-se depois à nomeação do Delegado do Grão Mestre; e se bem a Constituição determinasse que fosse ela feita por votos, o mesmo povo dispensou o artigo, fazendo a escolha por aclamação e foi, com efeito, aclamado o irmão Joaquim de Oliveira Alvarez. Aplaudiu-se a sua eleição, e enviou-lhe uma deputação composta do irmão Turenne e do irmão Urtubie, a qual, de volta, participou que se achava na Sala dos Passos Perdidos o irmão Grande Delegado. Saiu uma nova deputação de cinco membros, dirigindo-lhe a palavra o irmão Diderot. Foi depois introduzido na Loja por baixo da abobada de aço e estrela, prestando o juramento do ritual e terminando por afirmar: “… e de empregar todos os meus esforços sempre que forem necessários e bem de todos os maçons, de sustentar a causa do Brasil, quanto compatível for com as minhas forças. Assim Deus me salve”.: Recebeu aplausos, dirigiu a palavra a toda a Grande Assembleia, e pediu depois que o dispensassem de assistir por mais tempo, porque deveres igualmente sagrados do seu emprego o chamavam a casa. Saindo o Grande Delegado, procedeu-se por cédulas nominais à eleição dos mais oficiais da Grande Loja e saíram com maioria absoluta, para Primeiro Grande Vigilante, o irmão Graccho; para Grande Orador o irmão Kant; Secretário o irmão Bolivar; Promotor o irmão o irmão Turenne; Chanceler o irmão Adamastor. Foram gradualmente aplaudidos as suas nomeações e seguiram-se aas nomeações dos Veneráveis das três Lojas Metropolitanas que se deviam igualmente erigir, e foram eleitos os irmãos os irmãos Brutos, Anibal e Demócrito. Aplaudiu-se a nomeação e em ato sucessivo prestou o Primeiro Grande Vigilante o juramento nas mãos do Presidente, que subindo ao trono, o deferiu a todos os outros Oficiais e Veneráveis. Mandando depois aos Oficiais da Grande Loja que tornassem aos seus lugares e ordenou aplausos de agradecimentos a tpodo0s os oficias da pretérita Loja “Comércio e Artes” pelos seus assíduos desvelos na causa da Maçonaria. Proposta pelo irmão Primeiro Grande Vigilante para a próxima sessão o sorteamento dos membros e as designação dos Dignatários das Lojas então criadas, o irmão ex-orador pediu a palavra, após o uso da qual se deram por terminados os trabalhos desta sessão magna extraordinária, ficando assim instalada a Grande Loja, ordenando-me o Primeiro Grande Vigilante que eu, Grande Secretário da Grande Loja lavrasse e exarasse a presente ata para perpétuo documento neste livro que deverá servir para as Assembleias Gerais igualmente das Grande Loja, Graccho, Presidente, Cavaleiro do Oriente; Diderot, Primeiro Grande Vigilante, Rosa Cruz.

É esta a certidão de idade do Grande Oriente do Brasil.

Os nomes simbólicos que que figuram no Balaustre podem ser agora traduzidos.

Vamos conhecer esse quadro histórico:

Graccho era o capitão de engenheiros, João Mendes Viana.

Diderot , Joaquim Gonçalves Ledo.

Kant, Cônego Januário da Cunha Barbosa

Bolivar, Capitão Manuel José Oliveira

Adamastor, Francisco das Chagas Ribeiro

Turenne, Coronel Francisco Luiz Pereira da Nóbrega Souza Coutinho

Brutos, Major Manuel dos Santos  Portugal

Anibal, Major Albino dos Santos Pereira

Demócrito, Major da brigada de Marinha Pedro José da Costa Barros

O novo Grande Oriente não tardou a ser reconhecido pelas potências maçônicas francesa. Inglesa e norte-americana, que não desconheciam as intenções políticas da Maçonaria Brasileira.

 As intenções faziam parte do questionário que as Lojas apresentavam aos candidatos à iniciação. E no juramento escrito, em forma de ratificação às afirmações anteriores, todos reafirmavam o propósito de promover e lutar pela independência do Brasil e de defender a sua integridade perpétua e dinastia. Seria um império/reino.

Mesmo sendo republicano o Grão Mestre, Joaquim Gonçalves Ledo e Januário da Cunha Barbosa, além de vários maçons que pertenciam as Lojas desde a sua criação reafirmam essa posição.

No sorteio realizado para a constituição das três Lojas metropolitanas, Januário da Cunha Barbosa ficou na “Comércio e Artes”, Gonçalves Ledo na “União e Tranquilidade” e José Bonifácio na “Esperança de Niterói”.

Dom Pedro o príncipe regente foi iniciado no dia 2 de agosto só quatro meses depois, só quatro meses depois estaria apto a entrar na plenitude dos direitos maçônicos, segundo as leis da ritualística da época.

No entanto acima dos formalismos estavam a vontade dos defensores do império, foi quando Gonçalves Ledo propôs à Loja “Comércio e Artes” para que D. Pedro fosse elevado a Companheiro e Mestre, com dispensa dos interstícios legais.

A proposta recebeu aprovação unânime e D. Pedro atingiu a maioridade maçônica num piscar e olhos.

Na reunião seguinte nova proposta surpreende, e o príncipe é elevado a Grão Mestre da Ordem e está cônscia de suas responsabilidades proclamasse D. Pedro Rei do Brasil.

Rei? Não! Gritou da Coluna Meio Meio Dia o irmão Domingos Alves Branco.

Quando Gonçalves já se preparava para uma resposta fulminante que caracterizava o seu comportamento exaltado,  Branco volta a interromper gritando:

IMPERADOR é o que é!

Os vivas ao Imperador e defensor perpétuo do Brasil ecoou uníssonos nas Colunas, no Ocidente no Oriente.

Após a elevação de D. Pedro a Grão Mestre, consequentemente tendo sido destituído, José Bonifácio, insatisfeito, sai do Grande Oriente do Brasil e vai com seu irmão Martin Francisco e vários outros irmãos formar uma nova sociedade secreta, que no Brasil era considerada meio maçônica a Carbonária um tanto diferente das extintas Academias e da “Universidade Democrática” fundada por Antônio Carlos.

Possuía no ‘Apostolado’ Rituais próprios, liturgia bastante severa, sinais e palavras de reconhecimento exprimindo motivos patrióticos, o que evidenciava os fins políticos da sociedade.

E assim tivemos a primeira dissidência, que alguns conseguiram esquecer ao longo de tantas outras e mais uma  que pode se consolidar ainda este ano de 2023.

A vaidade é um inimigo difícil de ser vencido.

 

Carlos Lima

Dados biográficos. Documentos históricos, Nos Bastidores da editora “O MALHETE” segunda edição 1.956, A. F. Lima

 

 

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