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Economia já permitiria ritmo maior no corte de juro, diz Banco Central

Executivos do Banco Central mantiveram expectativa de inflação RAFAEL NEDDEMERMEYER

A atual situação da economia do Brasil já permitiria acelerar ainda mais o ritmo de corte de juro. A afirmação consta da ata da reunião de abril do Copom (Comitê de Política Monetária) divulgada na manhã desta terça-feira (18).

“A evolução da conjuntura econômica já permitiria uma intensificação do ritmo de flexibilização monetária maior do que a decidida nessa reunião”, citam os diretores do Banco Central (BC) no parágrafo 22 do documento. Na semana passada, o juro foi cortado em 1 ponto porcentual, para 11,25% ao ano.

Nesse trecho, a ata cita que “os membros do Comitê ponderaram sobre o grau de antecipação do ciclo desejado”. Nesse debate, apesar da menção ao espaço para imprimir ritmo ainda maior no corte do juro, o texto nota que os membros do Copom reconheceram que incertezas e fatores de risco tornaram mais adequado a decisão pela redução de 1 ponto porcentual — como anunciado.

“Dado o caráter prospectivo da condução da política monetária, a continuidade das incertezas e dos fatores de risco que ainda pairam sobre a economia tornaria mais adequada a manutenção do ritmo imprimido nessa reunião”, citam os diretores no parágrafo 22.

O comitê voltou a ressaltar que o ritmo de flexibilização monetária está diretamente relacionado à extensão e eventual antecipação do ciclo de queda do juro. “O Copom ressalta que o ritmo de flexibilização monetária dependerá da extensão do ciclo pretendido e do grau de sua antecipação”, citam os diretores no parágrafo 28 da ata.

Esse debate sobre a velocidade da queda do juro também é influenciado, argumentaram os diretores do BC, pela “evolução da atividade econômica, dos demais fatores de risco e das projeções e expectativas de inflação”.

Diante dessa avaliação, os diretores afirmam que “o atual ritmo é adequado”. “Entretanto, a atual conjuntura econômica recomenda monitorar a evolução dos determinantes do grau de antecipação do ciclo”, completa o documento.

Projeção da inflação

Na reunião, o BC manteve a previsão para o IPCA em 2017 em 4,1%, igual estimativa feita no RTI (Relatório Trimestral de Inflação) divulgado no fim de março. O documento não trouxe as previsões no chamado “cenário de referência” que prevê a inflação com juros e câmbio estável.

Para 2018, o quadro também não foi alterado e a estimativa do BC indica inflação ao redor de 4,5%, mesmo cenário indicado no Relatório de Inflação do primeiro trimestre. Essa estimativa foi construída com base na trajetória esperada para juros e câmbio que consta na pesquisa Focus: dólar a R$ 3,23 no fim de 2017 e a R$ 3,37 no fim de 2018 com juro básico de 8,50% ao ano no fim dos dois anos.

Apesar da projeção estável para a inflação no cenário de mercado, a ata divulgada mostra expectativa de alta mais acentuada dos preços administrados neste ano. De acordo com o documento, a previsão de aumento dos preços geridos pelo poder público em 2017 é de 6,3%, ante expectativa de 5,9% publicada no Relatório de Inflação. Para 2018, foi mantida expectativa de aumento de 5,4% para esse conjunto de preços.

A ata divulgada na manhã desta terça-feira traz a argumentação para o corte de 1 ponto porcentual no juro básico da economia anunciado na semana passada pelo BC, quando a taxa Selic caiu para 11,25%, sem viés.

O Copom repetiu a avaliação de que o ritmo mais forte de corte de juro anunciado na semana passada é “adequado” no momento. Na ata, o Banco Central repete também que a extensão do ciclo de flexibilização monetária “dependerá das estimativas da taxa de juros estrutural da economia brasileira”.

No parágrafo 26 do documento, os diretores do BC repetem a avaliação já divulgada no comunicado da reunião do Copom na semana passada sobre a chamada “intensificação moderada” da velocidade de corte do juro. “Essa intensificação moderada em relação ao ritmo das reuniões de janeiro e fevereiro mostra-se, no momento, adequada”, citam os diretores.

“O Comitê entende que a convergência da inflação para a meta de 4,5% no horizonte relevante para a condução da política monetária, que inclui os anos-calendário de 2017 e, com peso gradualmente crescente, de 2018, é compatível com o processo de flexibilização monetária”, citam os membros do Copom, ao repetir argumentação já usada pela casa.

No parágrafo 27, o colegiado repete a afirmação de que a extensão do atual ciclo de queda dos juros dependerá das estimativas da taxa estrutural da economia brasileira – patamar do juro que não gera inflação nem contrai a atividade. O chamado juro neutro continuará a ser reavaliado pelo Comitê ao longo do tempo, cita o Copom.

Além do juro estrutural, o BC nota que o ciclo de queda do juro também dependerá “da evolução da atividade econômica, dos demais fatores de risco e das projeções e expectativas de inflação”.

Estadão

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