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Ministro não responde de forma convincente a questionamento sobre o Enem

MEC ignora pedidos de informações sobre o Enem (Foto: Marcos Correa - PR)

Dos milhares de estudantes que prestaram o Exame Nacional do Ensino Médio, em novembro de 2019, um total de 172 mil candidatos encaminharam reclamações ao Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável por organizar a prova. A desconfiança legítima dos estudantes mostra que o ministro Abraham Weintraub festejou antes da hora, ao dizer que o Enem organizado sob sua gestão foi o melhor de todos os tempos.

A fim de elucidar as dúvidas que pairam sobre o exame, principal via de acesso às universidades, a deputada Margarida Salomão (PT-MG) encaminhou formalmente uma série de questionamentos para a Ouvidoria do Inep, solicitando esclarecimentos sobre a prova. O Instituto enviou, ontem, as respostas à deputada. Dois pontos cruciais, porém, foram ignorados.

A pergunta: quais medidas estão sendo adotadas pelo Ministério da Educação para solucionar este grave problema sem causar prejuízo aos estudantes? Foi deixada de lado, bem como a questão sobre a possibilidade de realizar uma auditoria na organização do Enem.

Sobre este ponto, os organizadores do exame se limitaram a dizer que “no estudo estatístico realizado pelo Inep, que contou com o apoio do Consórcio Aplicador, todas as provas foram revisadas de ofício, individualmente, corrigidas com os quatro gabaritos possíveis. Além de 300 pessoas do Inep, a força-tarefa contou com o apoio de cerca de 400 pessoas do Consórcio Aplicador”.

Diante dessa situação, a deputada federal Margarida Salomão (PT-MG), professora universitária e ex-reitora da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), questiona. “Os estudantes passaram anos se preparando e fizeram o Enem sonhando com uma vaga na universidade pública. Não é justo que erros e omissões dos organizadores prejudiquem os candidatos, deixem dúvidas pairando sobre o Enem e frustrem esses estudantes”.

Depois de um mês, o Inep respondeu informando que 5.974 alunos foram diretamente prejudicados por “inconsistência identificada na associação da cor do caderno de prova com o cartão de resposta” problema causado, segundo os organizadores, pela gráfica Valid contratada por 151,7 milhões de reais para imprimir as provas. “Referidas inconsistências foram corrigidas e as notas apresentadas na Página do Participante estão corretas para todos os participantes”.

Segundo Alexandre Lopes, presidente do Inep, “técnicos do Enem verificaram quatro tipos de erros nas provas”. O Inep informou que todos os 3,9 milhões de candidatos tiveram suas provas “analisadas em sua integralidade, de ofício, corrigidas com os quatro gabaritos possíveis”. Apesar disso, muitos estudantes sentem-se inseguros em relação ao resultado obtido.

A deputada Margarida Salomão considera que as respostas do Inep são insatisfatórias e destaca algumas preocupações: “o uso da TRI – Teoria de Resposta ao Item na correção do Enem, associado aos erros dos gabaritos, pode ter influenciado negativamente os resultados de todos os candidatos do exame. Será que eles conseguiram corrigir adequadamente todas as provas?”

“A importância do Enem é inquestionável. Por isso, é indispensável que o MEC e o Inep identifiquem e tornem públicos todos os erros e garantam que falhas graves não voltem a ocorrer, comprometendo a credibilidade do exame”, conclui a parlamentar.

Denise Assis

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