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O gestor feirense e a face despudorada de empresários e políticos/por Carlos Lima

Prefeito Colbet Martins Filho

É verdade que o município de Feira de Santana vem resistindo às mortes que poderiam ser provocadas pelo Coronavírus.

É uma situação amparada pela determinação do governo do Estado em suspender o transporte intermunicipal, entre as cidades que apresentaram números preocupantes de contaminação pelo Covid-19.

E também pela ação do governo municipal, mesmo vacilante, na decretação de isolamento social.

Com a expansão do vírus para o interior do país, a ausência de material para a realização de exames, em número suficiente, Feira de Santana se surpreende com o aumento de casos positivos, os quais não refletem a realidade do momento, pela ausência de quites em quantidade suficiente para atender as necessidades da segunda cidade do Estado.

As autoridades municipais estão conscientes dos erros cometidos e agora reconhecem que os leitos de UTI da rede privada estão completamente lotados. E os públicos na mesma situação.

Não existe qualquer justificativa para que o município não tenha o seu hospital de campanha. Os recursos foram disponibilizados.

O prefeito Colbert Martins não tem como justificar o atraso nas obras do hospital Mater Dei, a administração do hospital foi contratada e já recebeu adiantamento, mesmo sem funcionar. É uma lentidão irresponsável.

 As mortes no país estão contadas aos milhares, passamos da casa dos 20 mil e mais de 502 mil infectados. Feira de Santana está com índices considerados abaixo da média dos municípios com mais de 500 mil habitantes. No entanto não significa que a pandemia está controlada em sua região. Muito pelo contrário, o número de contágio se torna crescente e o controle apresenta falhas gravíssimas.

Com essa situação de morbidade que no momento coloca o Brasil na quarta posição no mundo, o Presidente da República reverbera a quebra do isolamento social e quanto se fala das mortes, justifica com um estrondoso e vergonhoso, “não sou coveiro”.

Como disse o jornalista Sérgio Jones, “os porquinhos verdes amarelos”. Define uma terça parte da população brasileira que endossam o que faz e diz o presidente. Reconhecemos o crescimento da revolta diante de sua falta de sensibilidade e mentalidade nazifascista que revolta o resto da população diante das mortes já registradas e a perspectiva de que poderemos chegar a casa de mais 100 mil óbitos nessa pandemia.

Em nome do progresso econômico, vidas estão sendo consideradas como produto descartável pela classe empresarial.

Em Feira de Santana empresários tiveram a audácia e insensibilidade de pressionarem o gestor fazendo uma manifestação em frente a sua residência.

O fato só foi possível porque ele fraquejou em outras oportunidades fechando e abrindo o comércio. Suas indecisões são frutos do desejo de reeleição, a classe empresarial tem peso eleitoral para tornar realidade as suas pretensões.

O povo é massa de manobra, o interesse da barriga fala mais alto, é o que eles deduzem.

Seria essa a face mais despudorada dos nossos políticos, em particular dos bolsonaristas e seus “porquinhos verdes e amarelos”?

Acredito que essa seja a história da atualidade do nosso município, quiçá do País.

Na verdade a naturalização da morte não aparece ocasionalmente em nossa história, mas se impõe hoje como marca indelével do presidente Jair Bolsonaro e dos seus seguidores.

Sem dúvida essa é a maior especificidade do tsunami que é o seu governo. A morte deixou de ser fim natural das coisas vivas para ser um vetor do organismo econômico do sistema capitalista para o domínio de pequenos grupos de magnatas, mesmo que signifique a concepção de cadáveres.

Carlos Lima

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