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Demitido do governo Serra por corrupção tem contrato milionário de publicidade com Alckmin

Roger Ferreira da Fator F

Roger Ferreira é jornalista, mestre em ciência política pela USP e sócio-diretor da agência de comunicação Fator F.

No site oficial, sua empresa faz “comunicação integrada que atua para criar empatia entre o cliente e seus públicos, oferecendo soluções que fortalecem vínculos e ajudam a desenvolver relações duradouras”.

“É uma agência de comunicação corporativa e relações públicas”, explica o próprio Ferreira.

A Fator F é destaque nas planilhas de publicidade do governo Geraldo Alckmin como beneficiária de contratos nos anos de 2010, 2011, 2012, 2013, 2014 e 2016.

As listas de 2007, 2008 e 2009 são anteriores à Lei de Transparência sancionada pelo ex-presidente Lula e não exibem as companhias envolvidas.

Aproveitando-se de uma brecha na lei, a gestão Alckmin não divulga os investimentos em cada grupo de mídia, apenas o total de dinheiro aplicado em determinado período em várias delas.

Neste ano, a Fator F aparece junto com a A2 Comunicação em duas ocasiões. Entre janeiro e março, as duas levaram R$ 1.318.147,35. Já entre março e setembro, faturaram R$ 1.932.078,99 milhão. Em 2013, foram R$ 5 milhões com outras três firmas diferentes.

Antes de Alckmin, o governador era Alberto Goldman, que assumiu o cargo no lugar de José Serra quando este tentou a presidência contra Dilma Rousseff em 2010.

Naquele ano, a Fator F aparece com R$ 477.225,00 mil entre janeiro e março. Depois, entre abril e setembro, foram R$ 954.450,00 mil.

Ou seja, faturou sozinha mais de um milhão de reais em cinco meses de governo Goldman.

“Lembro dele no governo, em trabalhos com secretarias e até na prefeitura. Eu não me recordo direito porque já faz bastante tempo”, afirmou Goldman ao DCM.

Sua relação com os tucanos é antiga e duradoura. Ferreira foi assessor e secretário de comunicação do governo Alckmin entre 2004 e 2006. Também assessorou e coordenou as campanhas de Fernando Henrique Cardoso em 1998 e a de José Serra em 2002.

Foi acusado de envolvimento no “Escândalo da Nossa Caixa” entre 2005 e 2006. Uma denúncia anônima no Ministério Público dava conta de um esquema que movimentou pelo menos R$ 28 milhões.

O caso envolveu as agências Colucci & Associados Propaganda Ltda. e a Full Jazz Comunicação e Propaganda Ltda.

Carlos Eduardo Monteiro, presidente da Nossa Caixa, afastou Jaime de Castro Júnior, gerente de marketing, e convocou um novo edital no valor de R$ 40 milhões. O banco teria reclamado de “politização” do assunto.

Segundo a Folha de S.Paulo, documentos confirmaram que o Palácio dos Bandeirantes interferiu para beneficiar com anúncios e patrocínios os deputados estaduais Wagner Salustiano (PSDB), Geraldo “Bispo Gê” Tenuta (PTB), Afanázio Jazadji (PFL), Vaz de Lima (PSDB) e Edson Ferrarini (PTB).

As verbas eram direcionadas para financiar anúncios nas emissoras, jornais e revistas deles, como Rede Vida e Rede Aleluia de Rádio.

Outro veículo beneficiado foi a revista Primeira Leitura, criada por Luiz Carlos Mendonça de Barros, ex-ministro das Comunicações de FHC e editada por Reinaldo Azevedo. Ela deixou de circular em junho de 2006 por falta de anunciantes. (Pedro Zambarba de Araujo)

A corrupção e a picaretagem continuam. (cljornal)

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