A fiscalização realizada pelas Forças Armadas no processo de votação organizado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não encontrou nenhuma irregularidade nas eleições durante o primeiro turno.

As conclusões do trabalho não foram apresentadas ao público, mas foram descritas ao presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo Ministério da Defesa. O presidente, porém, não autorizou a divulgação dos resultados, segundo relatos feitos por dois generais do alto comando.

De acordo com o relato, ao ser informado das conclusões do trabalho – que avaliou uma amostra de ao menos 385 boletins de urna e um projeto-piloto com uso da biometria para testar 58 aparelhos – o presidente da República disse que os militares deveriam se esforçar mais, porque as informações não batiam com o que ele próprio soube a respeito do assunto.

Bolsonaro tem repetidamente lançado suspeitas de fraudes nas eleições e nas urnas eletrônicas, sem apresentar provas.

Logo após o final da apuração dos votos no primeiro turno, ele afirmou que sua conclusão sobre a segurança do sistema de votação das urnas eletrônicas seria dada pelo parecer da Defesa.

Mas, ao ser informado das conclusões do trabalho, o presidente determinou que fosse feito um “relatório completo”, incluindo o segundo turno, porque o fato de não terem sido encontradas fraudes no primeiro turno não significava que não haveria problemas na segunda etapa.

Sem o tal relatório completo, decretou Bolsonaro, não deveria haver nenhuma divulgação de conclusões.

TCU cobra relatório do Ministério da Defesa

O Tribunal de Contas da União encaminhou um despacho ao Ministério da Defesa para que o governo Bolsonaro compartilhe uma cópia dos resultados da auditoria promovida por militares nas urnas eletrônicas no domingo 2, dia do primeiro turno das eleições.

O ministro Bruno Dantas, presidente em exercício do TCU, acolheu um pedido do subprocurador-geral do Ministério Público junto à Corte, Lucas Rocha Furtado. O despacho, assinado no domingo 9, foi divulgado na segunda 10.

Segundo Furtado, as informações das Forças Armadas são imprescindíveis “para a completude do trabalho de auditoria” do próprio TCU, considerando o “acompanhamento da atuação de agentes chaves que de alguma forma participem do processo eleitoral”.

Em 5 de outubro, Dantas informou que o TCU não registrou qualquer “inconsistência” durante os procedimentos de auditoria do primeiro turno.

Segundo documento do tribunal, às 18h do domingo 2 uma equipe de 15 auditores iniciou, em Brasília, a conferência dos 560 Boletins de Urna enviados por 54 auditores espalhados por todos os estados.

“A análise foi encerrada no início do dia 3/10 e o processo de conferência de votos por candidato para os cargos de Senador, Governador e Presidente não registrou nenhuma inconsistência de dado incorreto”, afirma Dantas.

O ministro reforçou que a ação de fiscalização “evidenciou, uma vez mais, a transparência do sistema eleitoral brasileiro”, alvo constante de ataques infundados de Bolsonaro.

AFP/Brasil