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20 frigoríficos brasileiros são proibidos pela EU de exportar frango para a região

Os países do bloco europeu votaram unanimemente a favor da retirada de 20 unidades brasileiras alegando deficiências no sistema de controle.
União Europeia anunciou nesta quinta-feira (19) a proibição de 20 frigoríficos brasileiros de exportar frango para o bloco econômico. O embargo entrará em vigor 15 dias após a decisão ser oficialmente publicada.
“Nós confirmamos que os representantes dos países votaram por unanimidade a favor de deslistar 20 estabelecimentos brasileiros de exportar carne e seus derivados (especialmente frango). A medida proposta pela comissão europeia é relativa a deficiências detectadas no sistema brasileiro oficial de controle sanitário”, disse a UE, em comunicado da comissão sanitária do bloco.
A lista com as 20 unidades não foi divulgada pela UE “por razões comerciais”. A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que representa os produtores nacionais de aves, informou ao G1 que 9 empresas foram afetadas: 12 frigoríficos da BRF e outras 8 unidades de outras empresas.
Dona das marcas Sadia e Perdigão, a BRF é a maior produtora mundial de frango. As ações da empresa, que chegaram a disparar mais de 8% pela manhã na bolsa brasileira diante de possíveis mudanças na gestão da companhia, reduziram ganhos após a divulgação da decisão da UE.

Questionada a UE sobre quais as exigências esses frigoríficos teriam que cumprir para voltar a exportar. A UE disse apenas que eles terão que “construir um histórico de conformidade com as normas da UE”, sem especificar prazos e critério. Fontes da UE disseram à TV Globo que a reabilitação dos frigoríficos pode levar anos.
Impactos no Brasil

O Brasil é o maior exportador de frango do mundo e a União Europeia é seu principal comprador. O bloco é responsável por 7,5% do frango vendido pelo país ao exterior, em toneladas, e 11% em receita, segundo dados da ABPA.

O vice-presidente de Mercado da ABPA, Ricardo Santin, disse ao G1 que a proibição terá impacto no mercado brasileiro. São esperadas as seguintes consequências:

Excesso de oferta de frango no Brasil e falta de produto na Europa;
Isso levará à queda de preço do frango no Brasil e alta na Europa;
Os frigoríficos vão tentar reduzir a produção já que não poderão exportar para a Europa. Muitos deles já deram férias coletivas aos funcionários e poderão demitir trabalhadores.
Impasse
Na terça-feira, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, afirmou que o Brasil vai recorrer à Organização Mundial de Comércio (OMC) contra as restrições à carne brasileira pela União Europeia. Segundo Maggi, a Europa está usando preocupações sanitárias para tomar medidas comerciais contra o Brasil.
Desde a deflagração da operação Carne Fraca, em março do ano passado, a União Europeia reforçou as medidas sanitárias contra o Brasil.
Com a deflagração de uma segunda fase da operação em março deste ano, a UE passou a avaliar a necessidade de novas medidas contra o frango brasileiro. Na ocasião, a BRF foi acusada de fraudar laudos relacionados à presença de salmonela em alimentos para exportação em 4 unidades.
Para mitigar o problema, o próprio governo brasileiro suspendeu provisoriamente a exportação de 10 fábricas da BRF de frango para a Europa. No entanto, o Ministério da Agricultura liberou nesta quarta-feira as unidades para exportar para UE, mesmo admitindo que elas poderiam ser barradas pelo bloco econômico em seguida.

Marina Gazzoni e Marta Cavallini

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