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China vê tecnologia militar russa como ‘fundamental’ na nova corrida armamentista de semicondutores

China em resposta basoluta

A disputa dos Estados Unidos com a China na seara dos semicondutores vem sendo classificada como a nova corrida armamentista deste século, uma alusão que remonta ao período da Guerra Fria.

Segundo um especialista ouvido pela Sputnik Brasil, a Rússia é uma pedra fundamental para o desenvolvimento militar do país asiático.

As preocupações dos EUA com a elevação da China como uma superpotência no tabuleiro da geopolítica global já não são exatamente um segredo de Estado.

Desde a ostensiva presença das Forças Armadas norte-americanas no Indo-Pacífico até a sorrateira visita de Nancy Pelosi, ex-presidente da Câmara do país, a Taiwan (gesto que foi, inclusive, muito criticado no Ocidente), o conceito de Guerra Fria 2.0 fica cada vez mais cristalino.

Porém são nas restrições ao acesso da China à tecnologia de semicondutores dos EUA, uma clara tentativa de impedir o esforço de Pequim para desenvolver sua própria indústria de chips e avançar as suas capacidades militares, que se observa a nova corrida armamentista do século XXI.

‘Resposta resoluta’

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25 de dezembro 2022, 15:19

De um lado, há vultosas promessas de investimento das fabricantes de chips nos EUA, que tiveram um aumento nos últimos 18 meses. Do outro, há o governo chinês investindo maciçamente em pequenas empresas de tecnologia no país como política de Estado.

Tal escalada vem sendo comparada aos investimentos da era da Guerra Fria na corrida espacial, que traz em seu bojo as implicações na liderança tecnológica global e geopolítica, sobretudo no aspecto do desenvolvimento de produtos que vão desde smartphones até sistemas avançados de defesa.

Elias Jabbour, economista e professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e autor dos livros “China: o socialismo do século XXI” e “Socialist Economic Development in the 21st Century — A Century after the Bolshevik Revolution” (“Desenvolvimento Econômico Socialista no Século 21 — Um Século após a Revolução Bolchevique”, em tradução livre), avalia que a China alcançou um grau de soberania monetária em uma dimensão “que a permite praticamente queimar dinheiro em praça pública, no sentido de alcançar a fronteira tecnológica na infraestrutura de semicondutores”.

“O primeiro ponto é o fato de a China estar se utilizando de uma soberania monetária absurda. E sobre ela, por exemplo, o Estado financiou o surgimento de 2 mil startups para as infraestruturas de semicondutores há dois anos, mais ou menos.

Então uma série de iniciativas vêm sendo criadas e […] culminaram, por exemplo, não somente no recente anúncio de que a China tinha condições de fazer este chip de 7 nanômetros, como também no mais difícil, que é alcançar a escala para produzir isso.

A China tem condições, dado o tamanho do seu mercado interno; ou seja, o mundo precisa dela. Há o tamanho do seu mercado interno, a sua capacidade financeira e a capacidade de concentrar esforço em um único lugar. Um lugar que, por sua vez, é um Estado socialista bem centralizado”, observa.

Sputnik

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