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Decisão de Putin sobre posicionamento de armas nucleares sinaliza para EUA se manterem fora do conflito na Ucrânia

Armas nucleares de uso tático

A decisão do presidente russo Vladimir Putin de implantar armas nucleares em Belarus foi um sinal para os Estados Unidos sobre a Ucrânia, relata o Global Times.

“Com este movimento, Moscou espera enviar uma mensagem que se os EUA e o Ocidente continuarem interferindo no conflito ucraniano, ou fornecendo armas de destruição em massa, a Rússia continuará a tomar contramedidas”, diz a publicação.

Ao mesmo tempo, segundo o artigo, a posição de Washington sobre a implantação de armas nucleares em Belarus mostra que não quer irritar Moscou, já que a situação ainda não está fora de controle.

O jornal escreve que a reação do Pentágono à declaração de Moscou foi cautelosa, uma vez que o porta-voz sênior do Pentágono disse que os EUA não viram nenhum sinal de que a Rússia está se preparando para usar armas nucleares.

O artigo observa, porém, que os EUA esperam alcançar seus objetivos desgastando a Rússia com sua intervenção no conflito.

Moscou vai implantar armas nucleares táticas em Belarus e pode responder à munição de urânio

No final da semana passada, o presidente da Rússia Vladimir Putin disse que Moscou e Minsk concordaram em implantar armas nucleares no território de Belarus.

Segundo ele, a Rússia já ajudou a reformar as aeronaves belarussas, começando a treinar as tripulações no início de abril, e terminará a construção de uma instalação especial de armazenamento de armas nucleares táticas no território do país aliado até 1º de julho.

Ao mesmo tempo, salientou Putin, a Rússia, sem violar suas obrigações internacionais, vai fazer a mesma coisa que os Estados Unidos vêm fazendo há décadas, implantando suas armas nucleares táticas na Europa.

EUA devem abandonar política hostil contra Rússia para negociar Tratado Novo START

O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou neste sábado (25) que Moscou, em concordância com Minsk, deve implantar armas nucleares táticas em Belarus, algo que deveria ter sido feito há anos, sem violar dispositivos internacionais como o Novo START.

O presidente garantiu ainda que o país pode responder ao novo armamento do regime de Kiev.

A decisão, anunciada na última terça-feira (21) pela vice-ministra da Defesa britânica, Annabel Goldie, surpreendeu os observadores internacionais por se tratar de uma escalada bélica acentuada no conflito ucraniano.

O anúncio de que o Reino Unido enviaria à Kiev munição com urânio enriquecido causou preocupação aos analistas militares.

Neste sábado, no entanto, foi a vez do presidente russo Vladimir Putin comentar a decisão.

As munições contendo urânio empobrecido não são armas de destruição em massa (WMD, na sigla em inglês), mas ainda são perigosas porque sua implantação resulta na geração de poeira radioativa, disse Putin.

“Elas certamente não estão listadas como armas de destruição em massa, é verdade. Mas os núcleos de projéteis de urânio empobrecido podem ser feitos de materiais diferentes, usados para perfurar blindagens, de alguma forma gerando a chamada poeira de radiação e, nesse sentido, certamente, eles pertencem a uma categoria de armas mais perigosas”, disse Putin à TV russa.

O presidente russo também disse que aqueles que usarem munição de urânio empobrecido vão usar essas armas contra seu próprio povo, acrescentando que a Rússia foi capaz de responder a esses suprimentos e tem muitas dessas armas, mas ainda não as usou.
Operação militar especial russa

Resposta de Moscou
À luz das últimas declarações dos integrantes da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e demais aliados do regime de Kiev sobre envio de armas cada vez mais letais em contraste com iniciativas como as da China, que buscam por uma saída diplomática para o conflito, Moscou tem se preparado para se defender de uma possível contraofensiva.

“Os belicistas planejam enviar mais de 400 tanques para a Ucrânia. É o mesmo o que dizem para munições. No mesmo período, produziremos novos, e também modernizaremos os já existentes, mais de 1.600. E o número total de tanques russos será três vezes o número de tanques [ucranianos], até mais do que três vezes”, disse Putin à uma emissora de TV russa.

O presidente russo também disse que a única coisa que preocupa Moscou é que o fornecimento de armas é uma tentativa de prolongar o conflito.

“O complexo militar-industrial da Rússia está se desenvolvendo em um ritmo muito rápido, que muitos não esperavam.[…] E no mesmo período de tempo, a indústria russa produzirá três vezes mais munição, até mais do que três vezes”, afirmou Putin.

Armas nucleares táticas em Belarus
Putin citou seu colega belarrusso, Aleksandr Lukashenko, dizendo que os Estados Unidos posicionaram livremente suas armas nucleares táticas nos territórios de seus aliados e ensinaram suas equipes “a operar este tipo de armas, se necessário”.

“Concordamos que […] faremos o mesmo, sem violar nossas obrigações — quero enfatizar isso — sem violar nossas obrigações internacionais sobre a não proliferação de armas nucleares”, disse Putin à emissora.

O líder russo também disse que não há “nada de extraordinário” a esse respeito, que na verdade a mobilização deveria ter ocorrido há décadas.

“Antes de tudo, os Estados Unidos fazem isso há décadas. Eles têm implantado suas armas nucleares táticas nos territórios de seus aliados, países da OTAN, na Europa há muito tempo. Elas estão [presentes] em seis países, se minha memória não falha, Alemanha, Turquia, Países Baixos, Bélgica, Itália e Grécia. A Grécia não tem agora, mas tem uma instalação de armazenamento”, especificou o líder russo.

A construção do armazenamento de armas nucleares táticas em Belarus vai ser concluída em 1º de julho, disse Putin, acrescentando que o treinamento das equipes começará já no dia 3 de abril.

Na verdade o  conflito nuclear se organiza e as consequências serão catastróficas

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