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Lilith e a mulher contemporânea/por Alberto Peixoto

Llith

É muito comum ouvir mulheres dizerem que “homens são todos iguais, que só mudam de CPF e endereço”. Algumas vão mais além e dizem que “homens não prestam”. Na realidade as mulheres não têm nada contra os homens como seres humanos, haja visto que a maioria se relaciona com homens, porém são contra o sistema machista que usa e abusa da mulher, o que não é aceito por Lilith, personagem dos “evangelhos apócrifos”.

Atualmente, podemos observar uma divisão na qual coexistem duas mulheres com características opostas na sociedade contemporânea: a Lilith, que não aceitou ficar “por baixo de Adão” e a Eva, que vive quase exclusivamente como mulher e amante em dedicação total ao homem, filhos e ao bom nome da família, mesmo tendo sido classificada no Livro do Gênesis como traidora. Foi considerada o demônio do pecado gerado pelos religiosos, como sendo ELA a eterna culpada pelo mal da humanidade – a mulher era vista em tempos remotos como a porta para o inferno, culpadas de terem introduzido sobre a terra o pecado, a infelicidade e a morte.

Lilith é uma figura lendária que tem origens em diferentes mitologias, evangelhos apócrifos e tradições ao redor do mundo. Na tradição judaica, ela é considerada a primeira esposa de Adão, criada da mesma forma que ele, ao contrário de Eva, que foi feita a partir de uma costela de Adão, o que significa submissão. Lilith é descrita como uma mulher forte e independente, que se recusou a se submeter a Adão e foi expulsa do Jardim do Éden por isso. Ela é muitas vezes associada à rebeldia, liberdade e poder feminino.

Além da tradição judaica, Lilith também aparece em mitologias sumérias, babilônicas e assírias, onde é retratada como uma deusa da noite e protetora das mulheres grávidas e das crianças. Sua imagem evoluiu ao longo dos séculos, sendo interpretada de diferentes maneiras, desde uma figura demoníaca até um símbolo de resistência feminina. A história de Lilith continua a fascinar e inspirar artistas, escritores e estudiosos, que exploram seu significado e impacto até os dias atuais.

A mulher contemporânea e Lilith são dois temas que podem ser explorados sob diferentes perspectivas. A mulher contemporânea representa a figura feminina nos tempos atuais, caracterizada por sua independência, força, e luta por igualdade de direitos. Ela desafia estereótipos de gênero, busca por autonomia financeira e emocional, e rejeita padrões tradicionais que limitam seu potencial.

Em contrapartida, esta suposta independência não trouxe nenhuma mudança. Atualmente, há mulheres graduadas em medicina, advocacia, ocupam cargos de deputadas, senadoras e até ministras, no entanto, elas ainda não desfrutam dos mesmos benefícios e não são respeitadas da mesma maneira que os homens.

Mesmo com as recentes conquistas, elas continuam sendo desrespeitadas, assediadas, estupradas, espancadas e sempre inserida na eterna dicotomia entre a santa e a puta, a Lilith e a Eva. Há de fato uma pseudo-igualdade da mulher contemporânea.

Ambas as figuras, a mulher contemporânea e Lilith, representam a busca por autonomia e liberdade feminina, cada uma à sua maneira. Enquanto a mulher contemporânea luta por igualdade e reconhecimento em uma sociedade ainda patriarcal, Lilith simboliza a quebra de padrões opressivos e a afirmação do poder feminino. A análise dessas duas figuras pode proporcionar insights interessantes sobre a evolução da posição da mulher na sociedade ao longo do tempo e as lutas ainda enfrentadas para a conquista de seus direitos e liberdades.

A Lilith oculta na mulher contemporânea, ultrapassa todos os paradigmas. Ela é pura emoção, força vulcânica, chama ardente, que queima sem piedade, pois ela é implacável e irreprimível! Só precisa ser externada publicamente.

Lilith é a mulher totalmente livre, que não aceitou o domínio do homem.

Escritor Alberto Peixoto

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