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Livro brasileiro não ameniza em fábula trágica para crianças

Capa de ‘Blimundo: O Maior Boi do Mundo (Rocco/Reprodução)

Autor de cerca de 80 livros infantis e estudioso das técnicas de contação de história, o carioca Celso Sisto pegou emprestado um conto popular do Cabo Verde, um dos nossos irmãos linguísticos, para seu novo trabalho, Blimundo: O Maior Boi do Mundo (Rocco, 41 páginas, 64,90 reais).

Das várias versões difundidas, ele criou uma sua, que não segura a mão no tom trágico da fábula. A história fala do bovino do título, um ser mítico que vive livre na natureza. Isso incomoda os homens – em especial, o Senhor Rei Morgado, dono dos escravos e dos canaviais, que ordena sua caçada. Blimundo é apaixonado pela filha do vilão e essa atração será sua fraqueza. Os temas são variados, mas fala de liberdade, compreensão, ambição, entre outras coisas.

Sisto fez questão de preservar vários elementos africanos ao apresentar a trama às crianças brasileiras. Com isso, recorre a um recurso pouco comum na literatura infantil: as notas de rodapé. Nada esquemáticas, elas apenas explicam de forma divertida o significado de algumas palavras, como “prentém” (milho estourado ou pipoca), e cantigas.

A ilustradora pernambucana Elma ficou encarregada de traduzir a história em imagens e também utilizou vários elementos da África, seja nos traços que às vezes lembram pintura rupestre ou na paleta de cores fortes. Com tudo isso, o livro cumpre seu papel de transmitir o conto a novos leitores, que poderão continuar a passá-lo adiante cada um a seu modo.

Alex Xavier

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