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O pescador, a cachaça e a mulher/por Marialvo Barreto

Professor Marialvo Barreto

Certa feita eu e meu irmão fomos a uma pescaria no Rio dos Coités, perto da ponte estreita, entre os municípios de Palmeiras e Iraquara, por trás do Morro do Pai Inácio, na Chapada Diamantina, acompanhados por um pescador que residia pertinho do Rio, conhecido como Antônio Mentira.

Meu urmão produzia em sua propriedade cachaça de cana de garapa fermentada, a cabeçeira do rio como alguns a chamam, e levou um garrafão de 5 litros para o pescador seu amigo. Isto era na “boca da noite”.

Ao chegarmos na casa de taipa Antonio já nos aguardava, meu irmão Zé lhe entregou os 5 litros de pinga, ele pegou o copo e “bateu para dentro” um dose dupla, degustou, parou um pouco e disse:

“Zé, tem alambique novo lá, é?” . Meu irmão confirmou que sim, admirando seu conhecimento sobre a aguardente.

Fomos à Pescaria de traíra, piaba, piau e cari (cascudo).

Ao voltarmos pra sua casa perto do Rio preparamos a moqueca de cabeça de cari e os espetos com as outras parte do peixe, para assarmos na brasa do fogo no terreiro.

Papo vai, papo vem, cachaça pra lá, cachaça pra cá, e por volta das 22:30h, Antonio chama pela sua mulher:

– “mulher, mulher”.

E o silêncio dentro de casa continuou.

E Antonio com ar de insatisfação saiu com essa:

“TENHO UMA RAIVA QUANDO A MULHER DORME ANTES D’EU !…” .

Daí em diante coitada da pinga baixou no garrafão.

Marialvo Barreto

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