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A criminosa fuga de Weintraub

WEINTRAUB FUGIU PARA O EUA

A saída do ex-ministro Abraham Weintraub do Brasil tem características que remetem às ações da Ndrangheta, a máfia calabresa.

Nada foi espontâneo, à  luz do dia, decorrência da fatos administrativos banais, próprios da rotina de poder de um governo.

A saída do pior ministro da educação da história do país foi, na verdade, uma operação de fuga – montada e operada com o beneplácito do Estado brasileiro, especialmente do presidente da República.

As sombras por onde Weintraub se escafedeu maculam ainda mais o débil e conflagrado governo Bolsonaro.

Houve cálculo temporal preciso para obstruir a justiça, evitando a provável prisão do agora ex-ministro no curso do inquérito do STF.

E, assim, permitir que Weintraub desfrutasse ainda de privilégios diplomáticos para ingressar nos Estados Unidos, mesmo egresso do Brasil, situação vedada em resolução do governo americano após a pandemia.

O método faz lembrar as operações da máfia italiana para dar fuga a seus criminosos espalhados pelo mundo.

Monta-se estratagemas de efeito surpresa; usam-se documentos falsos ou de validade duvidosa; faz-se mistério sobre os próximos passos; tenta-se, enfim, ludibriar as autoridades para facilitar o intento criminoso.

Produzidas pelos esquadrões do crime, operações desta natureza são permanentemente objetos da preocupação das autoridades policiais mundo a fora.

Serviços de inteligência monitoram os movimentos desses grupos toda vez que há notícia da possibilidade de consecução de trama criminosa nos moldes da executada por Weintraub.

O que é inacreditável; absolutamente surpreendente e gravoso, é um ex-ministro de estado proceder desta maneira.

Mais: o que é enormemente preocupante é o governo brasileiro, através do presidente da República, se prestar ao papel de convalidar a atitude condenável e imprópria do ex-ministro.

A coordenação entre os movimentos do fugitivo e as ações do presidente, ao publicar a exoneração somente após o desembarque em solo americano, contribui para agravar ainda mais a já frágil situação de Jair Bolsonaro.

Há claros sinais de tentativa de obstrução da justiça para livrar o mais autêntico jagunço do bolsonarismo das garras da lei.

Certamente, o ministro Alexandre de Moraes dará ao caso a tipificação penal adequada dentro do inquérito, solicitado pelo PGR, para investigar atos antidemocráticos – nos quais Weintraub teve participação inequívoca.

Não se pode dar como normais movimentos desta natureza, com claro viés criminoso.

O país que luta contra desmandos de corrupção não pode ser tolerante com espertezas que vão além dos limites do razoável e invadem às páginas do código penal.

E pior, com a providencial ajuda do presidente da República.

Os últimos  dias tem sido fartos em movimentos próprios do submundo do crime. Primeiro, prende-se o operador de financeiro do filho do presidente, homiziado na casa do advogado do próprio presidente.

Noutro dia, um ministro foge do país, como a ajuda do aparato estatal, para não ser alcançado pelos tribunais. Antes, desfralda-se o esquema criminoso das fake news e da promoção de atos antidemocráticos.

Descobrem-se parlamentares, empresários e outros agentes próximos ao presidente em explicita ação criminosa de ataques às instituições. Multiplicam-se, portanto, os indícios de deliquência dia após dia.

Este conjunto de fatos reduz a já diminuta confiança no governo, que se mostra imerso e paralisado num enorme lodaçal ético. Bolsonaro parece não mais presidir o país.

Nos últimos dias, ocupa o cargo máximo da República apenas para proteger os filhos, os apaniguados e a legião de descerebrados que ainda o segue nesta desditosa aventura autoritária.

Ricardo Bruno

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