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ANTECIPANDO O 7 DE SETEMBRO

Amanhã dia 7 de setembro comemora-se a Independência do Brasil, como o Jornal da Povo vai ao a de segunda a sexta, hoje, dia 6 de setembro falaremos um pouco da verdade sobre essa independência.

A narração ou escrita da História não é e nunca foi monopólio dos historiadores.

De muitas maneiras, ela sempre foi compartilhada entre profissionais da matéria e uma grande variedade de agentes sociais de formação e atuação igualmente variados, a imporem um processo permanente de disputa e negociação.

Atualmente, poder-se-ia falar em educadores, escritores, cineastas, artistas plásticos, jornalistas, juristas, políticos profissionais, publicitários e teólogos, além de outras pessoas em geral, a representarem, reproduzirem e eventualmente criarem conhecimentos históricos em uma interação mais ou menos harmônica, mais ou menos conflitiva – mas sempre dinâmica e contraditória – com historiadores acadêmicos e demais cientistas sociais.

Não é assiduamente frequente em nossa sociedade uma autoimagem dos brasileiros como “povo sem memória”, em um jogo de identidades e alteridades que, ao mesmo tempo em que distingue aqueles indivíduos que supostamente valorizam o passado e o saber em torno dele acaba por incluí-los em uma mesma coletividade a qual se acusa de estar enferma da doença do esquecimento e provavelmente da ignorância.

Ouviram do Ipiranga as margens plácidas; de um povo heroico o brado retumbante, e o sol da liberdade em raios fúlgidos; brilhou no céu da Pátria nesse instante. (Joaquim Osório Duque Estrada, 1831)

Nesse instante, um “povo heroico” viu o céu da pátria, às margens do Rio Ipiranga, brilhar à luz da liberdade. Os raios da “liberdade”. Parece muito poético, não?

Nosso hino nacional hoje costuma estar quase sempre associado a feitos memoráveis no futebol e no esporte em geral.

É um novo papel dado a um símbolo que remete a um importantíssimo episódio de nossa história: a Proclamação da Independência.

Sob críticas até mais frequentes que a capacidade da seleção brasileira tem tido de nos anestesiar, o hino nacional – e toda a mitologia por trás do Sete de Setembro – é hoje um alvo de permanentes questionamentos.

E sobre isso, parece que a comunidade intelectual está de acordo: o hino nacional brasileiro é o exemplo vivo de como não enxergar a emancipação do Brasil.

Aquele dia no começo do mês de setembro estava longe de ser referido como um momento de heroísmo.

Análises históricas do contexto social daquele “Brasil” sequer apontam a participação de populares no processo de emancipação.

Outros estudiosos ainda insistem em desconstruir até aqueles mínimos detalhes do conhecido cenário de um jovem imperador com uma bela espada, gritando de seu cavalo para declarar a liberdade da nação (não se iludam).

É o roteiro perfeito de uma cena de teatro.

Talvez não por acaso.

Essa abordagem nunca saiu das pinturas e relatos nacionalistas. A verdadeira história passa longe de um grito na beira de um rio.

E compreender o Brasil sob uma perspectiva mais adequada exige visualizar a história de forma muito mais complexa do que se costuma pensar.

Podemos começar implodindo qualquer vestígio de sentimento patriota naquele Brasil de 1822.

Éramos colônia: um território descentralizado com muito bem definidos compromissos econômicos com Portugal.

Cada fatia daquela colônia se desenvolveu isolada por muito tempo.

E como se pode perceber até hoje, costumes distintos se consolidaram em cada região.

Ainda é muito mais fácil reivindicar-se pernambucano (ou carioca, ou catarinense, por exemplo…) do que brasileiro.

Para Portugal não era interessante conectar seus domínios coloniais, isolá-los era uma forma de enfraquecer qualquer conspiração.

Dessa forma podemos afirmar que a nação brasileira não nasceu com a independência.

Por outro lado, talvez essa data seja o marco do início da busca que ainda vivenciamos nos tempos atuais.

Afinal: o que é ser brasileiro?

Não espere que alguém possa responder.

Com muita pesquisa, e um bom faro, um historiador de sucesso conseguirá dizer justamente o contrário.

O processo de independência celebrado no Sete de Setembro não começou naquele Mês, ou mesmo naquele ano.

Foi uma sucessão de elementos que tomou força a partir da chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil em 1808.

Em razão de desacordos diplomáticos com a temida França Napoleônica. O Reino de Portugal, sob o comando de Dom João VI, se viu obrigado a transferir sua corte para o Brasil, abandonando Lisboa e fixando comando no Rio de Janeiro.

Era o começo do fim do Brasil Colônia.

Em pouquíssimo tempo, o imenso Brasil, outrora fragmentado, foi liberado do Pacto Colonial, passando a interagir comercialmente com outras potências europeias.

O Brasil passava a ser autônomo, e pela primeira vez começava a usufruir de seus ganhos (antes recolhidos por Lisboa):

Dom João VI iniciou modificações estruturais de caráter urbano e social.

O que antes era um mero ponto de exploração mercantil, pouco a pouco passou a receber desde obras de transporte e saneamento até edifícios voltados para a arte e à intelectualidade, como bibliotecas e teatros.

Se por um lado a maior parte das mudanças veio a ocorrer nas proximidades do Rio de Janeiro, onde a Família Real se instalou, no entanto a cobrança de altos impostos para sustentar a toda a corte vinha de todo o território.

Se você consegue imaginar o descontentamento das outras regiões do Brasil, pense agora no outro lado do Atlântico:

Portugal, por séculos o núcleo indiscutível do Império, estava agora literalmente abandonado à própria sorte.

Não demorou muito tempo para os portugueses protestarem e exigirem o retorno da corte a Lisboa.

A chamada Revolução do Porto significou para Portugal o fim do absolutismo e para o Brasil foi a catalisadora da independência.

Os revoltosos intimaram o retorno de Dom João VI a Lisboa, imediatamente, caso contrário, nomeariam outro Rei.

Pedro, seu filho e herdeiro do trono português, ficou no Brasil na condição de príncipe regente.

Mas os portugueses queriam mais: eles não aceitavam o fim do Pacto Colonial, e pressionaram intensamente a Coroa para restabelecer a condição decolônia do Brasil.

Sendo assim a versão “romântica” da Independência do Brasil, aquela que se aprende nos livros de colégio, é muito diferente da história verdadeira.

A imagem de Dom Pedro I retratada nas grandes pinturas é falsa.

Ele não estaria cercado de homens limpos, vestidos em trajes de gala, nem estaria montado em um cavalo quando deu o grito da Independência.

Eram homens cansados, sujos de poeira, nada glamourosos.

Passaram por uma viagem longa e Dom Pedro estava montado em um jegue quando declarou a Independência, e não em um cavalo.

Outro mito é que o príncipe regente estaria às margens do rio Ipiranga na hora da Independência.

Ele na verdade sofria de problemas intestinais, como diarreia.

A versão mais aceita entre os historiadores é que tenha se refugiado em uma colina para se aliviar, porque provavelmente estava passando mal, afirma a historiadora Maria Aparecida de Aquino.

Além de tudo, ele estava vindo de muito estresse e nervosismo na hora de declarar a Independência.

Dom Pedro 1º enfrentou resistência das cortes portuguesas e estava furioso com as cartas que estavam chegando, pedindo que ele voltasse o mais rapidamente possível para Portugal.

Segundo a história contada nos livros didáticos, em 7 de setembro de 1822, ao voltar de Santos, parado às margens do riacho Ipiranga, D. Pedro recebeu uma carta com ordens de seu pai para que voltasse para Portugal, se submetendo ao rei e à Corte.

Vieram juntas outras duas cartas, uma de José Bonifácio, que aconselhava D. Pedro a romper com Portugal, e a outra da esposa, Maria Leopoldina de Áustria, apoiando a decisão do ministro e advertindo: “O pomo está maduro, colhe-o já, senão apodrece”.

Impelido pelas circunstâncias, D. Pedro pronunciou a famosa frase “Independência ou Morte!”, rompendo os laços de união política com Portugal.

Fato que Culminou com um longo processo da emancipação.

Em 12 de outubro de 1822, o Príncipe foi aclamado Imperador com o título de D. Pedro I, sendo coroado em 1 de dezembro.

Ao contrário do que muitos pensam o processo de independência custou muito caro para Brasil, foi preciso muita luta além de pagar uma multa altíssima a Portugal.

A coisa toda parece não ter sido tão heroica como é contado na maioria dos livros, entretanto, como diz o ditado “uma mentira contada várias vezes e por várias pessoas acaba se tornando verdade”.

No local onde aconteceu o grito de independência em 1822, nos dias de hoje pouca coisa lembra como ele era na época.

O riacho do Ipiranga é poluído e está quase esquecido em meio a avenidas e outras construções.

Próximo a ele foi construído o Monumento à Independência.

Debaixo do monumento fica a cripta onde está os restos mortais de Dom Pedro I, trazidos de Portugal em 1972.

Ao lado dos restos mortais de Dom Pedro I, também está os restos mortais de suas duas esposas, Leopoldina e Amélia.

Os restos mortais de sua amante, a Marquesa de Santos, estão sepultados um pouco distantes dali, no cemitério da Consolação.

O coração de Dom Pedro I está conservado e guardado como relíquia em um mausoléu na capela-mor da Igreja da Lapa, em Porto, Portugal.

Aqui está uma parte da verdadeira história da Independência do Brasil do domínio Português.

Pesquisa Carlos Lima

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