Militares e auxiliares do entorno mais próximo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) convocaram reuniões com militares “kids pretos” — também chamados de “forças especiais” (FE) — para atuarem em atos antidemocráticos, ajudando os golpistas.
É o que apontam as investigações da Polícia Federal (PF), que deflagrou na quinta-feira (8) uma operação contra o ex-presidente, seus ex-assessores e ex-ministros.
Os militares chamados “kids pretos” teriam a missão de prender o ministro do STF Alexandre de Moraes, segundo investigação da PF. O ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército general Estevam Theóphilo seria o “responsável operacional” por arregimentar estes militares.
“Além de ser o responsável operacional pelo emprego da tropa caso a medida de intervenção se concretizasse, os elementos indiciários já reunidos apontam que caberiam às Forças Especiais do Exército (os chamados Kids Pretos) a missão de efetuar a prisão do Ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes assim que o decreto presidencial fosse assinado”, esclareceu a decisão que autorizou a operação na quinta-feira.
Quem são os ‘kids pretos’?
São militares da ativa ou da reserva da elite do Exército brasileiro, especialistas em operações especiais. Eles integram o Comando de Operações Especiais (Copesp).
Eles são treinados para participar de missões com alto grau de risco e sigilo. O trabalho inclui operações conhecidas como “guerra irregular” — terrorismo, guerrilha, insurreição, movimentos de resistência, insurgência popular.
Além disso, os kids pretos são preparados para situações que envolvem sabotagem, operações de inteligência, planejamento de fugas e evasões. Segundo o Exército, atualmente o grupo tem um efetivo aproximado de 2,5 mil militares.
Eles usam gorros pretos nas operações —daí o nome do grupo. Os kids pretos têm como lema “qualquer missão, em qualquer lugar, a qualquer hora e de qualquer maneira”.
Segundo fontes da investigação dos 22 alvos, pelo menos oito são kids pretos:
⬊ Marcelo Câmara, coronel do Exército citado em investigações como a dos presentes oficiais vendidos pela gestão Bolsonaro e das supostas fraudes nos cartões de vacina da família Bolsonaro;
⬊ Rafael Martins, tenente-coronel do Exército;
⬊ Bernardo Romão Corrêa Netto, coronel do Exército;
⬊ Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice de Bolsonaro em 2022;
⬊ Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI);
⬊ Cleverson Ney Magalhães, coronel do Exército e ex-oficial do Comando de Operações Terrestres;
⬊ Guilherme Marques Almeida, coronel do Exército e ex-oficial do Comando de Operações Terrestres;
⬊ Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros, major do Exército.
Segundo o Exército, atualmente o grupo tem um efetivo aproximado de 2,5 mil militares. Pelo menos 26 “kids pretos” participaram do governo Bolsonaro – entre eles os ex-ministros Luiz Eduardo Ramos (Casa Civil) e Eduardo Pazuello (Saúde), e o ex-ajudante de ordens Mauro Cid.
Conforme documento divulgado pela PF, o entorno de Bolsonaro discutiu com o ex-presidente medidas antidemocráticas para reverter o resultado das eleições de 2022, incluindo o “emprego de técnicas e militares com formação em Forças Especiais [kids pretos] para os atos direcionados à execução do golpe de Estado”.
Ainda segundo a PF, reuniões eram feitas por integrantes do governo e militares da ativa para:
⬊ Encaminhar orientações aos manifestantes de como agirem;
⬊ Mostrar locais de atuação;
⬊ Financiar e respaldar ações dos manifestantes, por meio da Forças Armadas.
“Os fatos identificados indicam, ainda, a possível arregimentação de militares com formação em forças especiais para atuarem no cenário de interesse, ou seja, nas manifestações golpistas”, destaca o documento.
O que aconteceu
Estevam Theóphilo teria sinalizado a Bolsonaro que concordava com a ideia de golpe, desde que o ex-chefe do Executivo assinasse a medida. Essa é a conclusão da PF após a análise das mensagens obtidas no celular do ex-ajudante da Presidência, Mauro Cid.
Ele teria usado a alta patente que possuía para “influenciar e incitar apoio aos demais núcleos de atuação por meio do endosso de ações e medidas a serem adotadas para consumação do golpe de Estado”, apontam as investigações.
RPP
O ex-vice-presidente da República, general da reserva e senador Hamilton Mourão, diz que esses militares são inocentes e que o Exército deve reagir a esse ultraje. Com essas declarações o nome de Mourão deve fazer parte dessa corja de golpistas e inimigos do Brasil.
cljornal