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CPI da JBS pode decidir hoje se convoca Joesley e Saud para depor

Montagem mostra o empresário Joesley Batista (esq.) e o executivo do grupo J&F; Ricardo Saud (dir.) (Foto: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo)

Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da JBS pode decidir nesta terça-feira (12) se convoca para prestar depoimento o empresário Joesley Batista e o executivo da J&F Ricardo Saud. O grupo J&F controla a JBS. Se a convocação for aprovada, eles serão obrigados a comparecer a uma audiência na CPI.

A sessão da CPI mista foi marcada, inicialmente, para a escolha do relator, mas a expectativa é que os integrantes da comissão também analisem os requerimentos apresentados (95 até agora).

Também estão na pauta pedidos de convocação de empresários, políticos, procuradores e até de ex-presidentes da República (veja lista mais abaixo). Cada requerimento precisa ser votado e aprovado pela maioria dos integrantes antes de as pessoas serem convocadas a depor.

Joesley Batista e Ricardo Saud foram presos pela Polícia Federal e o acordo de delação premiada deles está em processo de revisão porque o Ministério Público Federal decidiu apurar se eles omitiram informações.

Os dois executivos estão detidos temporariamente na superintendência da Polícia Federal em Brasília e os benefícios concedidos a eles foram suspensos provisoriamente por determinação do ministro Luiz Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal.

A CPMI da JBS foi instalada na semana passada para apurar supostas irregularidades em empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ao grupo J&F.

O grupo também pretende debater os termos e condições dos acordos de delação dos empresários Joesley e Wesley Batista, donos da JBS, e de executivos da J&F, caso de Saud.

Relatoria

Está prevista para esta terça a escolha, pelo presidente da CPMI, senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), do relator da comissão.

Caberá a quem exercer a função elaborar um parecer no qual deverá ser apresentada uma conclusão sobre os trabalhos e eventuais pedidos de indiciamento de investigados, por exemplo.

Nos bastidores, segundo o G1 apurou, o PMDB pressiona para que a relatoria fique com o deputado Carlos Marun (PMDB-MS), integrante da tropa de choque do presidente Michel Temer. O presidente da República é um dos alvos das delações dos executivos da J&F.

Nesta segunda, Ataídes Oliveira disse que o PMDB, por ser o partido com as maiores bancadas na Câmara e no Senado, tem preferência na escolha do relator.

No último sábado (9), o senador se reuniu se encontrou com Temer no Palácio do Jaburu, residência oficial. Segundo Ataídes, eles não discutiram os trabalhos a CPI da JBS, mas, sim, a duplicação de uma estrada no Tocantins.

Parlamentares de oposição são contrários a uma eventual escolha de Marun como relator. Para eles, o deputado, por ser aliado do presidente, não tem “independência” para a função.

Já aliados do Palácio do Planalto veem na comissão uma oportunidade de tentar questionar e fragilizar as denúncias dos delatores da JBS contra o presidente da República.

Requerimentos

Integrantes da CPMI protocolaram, até agora, 95 pedidos relacionados aos trabalhos da comissão.

São pedidos, por exemplo, de informações ao BNDES; de apoio à Polícia Federal; e de convocação.

Entre os alvos dos pedidos de convocação, estão:

  • Joesley Batista, acionista controlador do grupo J&F;
  • Ricardo Saud, ex-diretor de relações institucionais do grupo J&F;
  • Wesley Batista, acionista controlador do grupo J&F;
  • Marcelo Miller, ex-procurador suspeito de orientar os delatores da J&F;
  • Rodrigo Janot, procurador-geral da República;
  • Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda dos governos Lula e Dilma;
  • Lúcio Funaro, preso na Lava Jato suspeito de ser operador de propina ligado ao PMDB;
  • Antônio Palocci, ex-ministro dos governos Lula e Dilma;
  • Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ex-deputado federal e condenado na Lava Jato;
  • Dilma Rousseff, ex-presidente;
  • Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente;
  • Rodrigo Rocha Loures, ex-deputado e ex-assessor de Temer, que foi flagrado com uma mala cheia de dinheiro que recebeu de executivo da JBS.
Gustavo Garcia

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