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Se o Exército está em ruínas, como vai investir em soldo?

armas já consideradas obsoletas

Na entrevista concedida na quarta feira (1), ao falar da precariedade de nossas Forças Armadas, Jair Bolsonaro disse que, militarmente,  o Brasil “não pode fazer frente a ninguém” porque “não estamos bem de armamento”.

Embora seja uma asneira que diga isso alguém que está admitindo até uma “declaração de guerra” à Venezuela, Bolsonaro tem razão.

A única possibilidade de levar vantagem num conflito bélico com a Venezuela seria um colapso nas cadeias de comando do suposto “adversário”, se provocado pela entrada da Colômbia e dos Estados Unidos no confronto.

Por uma razão muito simples: o Brasil não tem vetores, os equipamento que permite a projeção territorial do poder militar: aviões, mísseis, submarinos e veículos de combate terrestres.

O pouco que poderíamos ter – desconsiderando as sucatas que já eram obsoletas quando as adquirimos – está atrasado e sendo mais atrasado ainda, porque para não se cancelar contratos “esticam-nos” no tempo de execução.

Tudo – aliás tudo contratado nos governos Lula e Dilma –  desde os caças Grippen, que dificilmente começarão a ser entregues no prazo, até os helicópteros militares, os veículos artilhados leves Guarani e os sistemas de mísseis Astros, tudo foi retardado para as calendas gregas.

No caso dos mísseis, onde também há atrasos provocados pela quebra da Odebrecht – que vendeu a Mectron para os israelenses da Elbit -, há também a nos impedir o tratado ao qual o governo Fernando Henrique aderiu que nos impede de ter mísseis de alcance superior a 300 km.

Da fronteira com a Venezuela, essa distância só deixa como alvo algumas ocas de indígenas e casebres de camponeses, pois é a metade da distância até alvos com importância ao Norte.

Dito isso, qual são as primeiras providências tomadas por Bolsonaro?

Primeiro, criar uma despesa extra de R$ 86 bilhões, em 10 anos,  com o aumento de soldos dos militares, quase o mesmo que todo o gasto com armamento pesado nos próximos 20 anos.

Depois, cortar em R$ 5,1 bilhões – 38% do orçamento original para 2019 – as disponibilidades orçamentárias do Ministério da Defesa em 2019.

A não ser que se pretenda usar contracheques como armas – algo que faz parte da história de Bolsonaro desde que era “tenente-bombardeiro” na Aman, parece que nossas Forças Armadas continuarão dando razão ao seu ex-capitão e não vão poder “fazer frente a ninguém”.

Quanta vergonha, ainda, seremos obrigados a sofrer?

Fernando Brito

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