Em entrevista às jornalistas Vera Rosa, Naira Trindade e Renata Agostini, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, revelou o óbvio: o governo Bolsonaro é um deserto de ideias e não tem projeto algum para o Brasil.
O Brasil precisa sair do Twitter e ir para a vida real.
Ninguém consegue emprego, vaga na escola, creche, hospital por causa do Twitter.
Precisamos que o País volte a ter projeto. Qual é o projeto do governo Bolsonaro, fora a Previdência?
Fora o projeto do ministro (Sérgio) Moro? Não se sabe.
Qual é o projeto de um partido de direita para acabar com a extrema pobreza?
Criticaram tanto o Bolsa Família e não propuseram nada até agora no lugar.
Criticaram tanto a evasão escolar de jovens e agora a gente não sabe o que o governo pensa para os jovens e para as crianças de zero a três anos. O governo é um deserto de ideias, disse ele.
Na semana em que o dólar subiu e a Bovespa perdeu 5,45%, Maia falou também sobre a crise em torno da reforma da Previdência.
“O governo eleito não pode terceirizar sua responsabilidade. O presidente precisa assumir a liderança, ser mais proativo. O discurso dele é: sou contra a reforma, mas fui obrigado a mandá-la ou o Brasil quebra. Ele dá sinalização de insegurança ao Parlamento. Ele tem que assumir o discurso que faz o ministro Paulo Guedes. Hoje, o governo não tem base. Não sou eu que vou organizar a base. O presidente da Câmara sozinho, em uma matéria como a reforma da Previdência, não tem capacidade de conseguir 308 votos”, afirma.
Maia também disse que Bolsonaro precisa de 307 namoradas no Congresso para aprovar a Previdência.
“Se o presidente não falar comigo até o fim do mandato, não tem problema. Não preciso falar com ele. O problema é que ele precisa conseguir várias namoradas no Congresso, são os outros 307 votos que ele precisa conseguir. Eu já sou a favor. Ele pode me deixar para o fim da fila”, afirmou.
O presidente da Câmara também criticou Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que defendeu uma guerra contra a Venezuela e os filhos de Bolsonaro, de forma geral.
“Respeito o deputado Eduardo Bolsonaro, que é presidente da Comissão de Relações Exteriores, mas acho que a interferência de outros países na Venezuela não é o melhor caminho e que essa não é a posição dos ministros militares do governo.
Nós estamos com a estrutura das Forças Armadas desabastecida. Vamos dizer que alguns concordem com isso. O Brasil não tem nem condições de segurar 24 horas de confronto com a Venezuela”, afirmou. “Tenho dificuldade de falar como o presidente deve tratar os filhos dele. Eu sei como tratar os meus.”
Leonardo Attuch