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Se não posso chamar esse governo de genocida, eu chamo de quê?…

O inferno criado por Bolsonaro

O dia de ontem enterrou qualquer possibilidade de manejo razoável desse caos e reforçou a necessidade de organização política da sociedade para frear esse genocídio perpetrado por quem deveria nos dar saídas e nos proteger.

Ludhmila Hajjar, cotada para assumir o posto de Ministra da Saúde, recusou o convite por não ter havido, segundo ela, “convergência técnica” entre seus preceitos científicos e o governo negacionista de Jair. Quem se surpreende?

Veja: em uma pandemia de dimensões apocalípticas, uma médica séria, que guia suas decisões baseadas nas melhores evidências científicas disponíveis, que propõe medidas razoáveis de enfrentamento que no final das contas poderiam salvar milhares de vidas não serve para comandar o Ministério da Saúde.

Não se encaixa. Aí eu pergunto: quem serve? Quem se encaixa? Se eu não posso chamar o chefe do planalto de genocida, vou chamar de quê?

Para os que defendem que a vida deve seguir em frente pois isolamento social, lockdown e fechamento do comércio quebram a economia, cá estamos nós com as piores consequências da pior gestão possível desta crise.

Não temos saúde, não temos empregos, não temos comida na mesa de todos os brasileiros, não temos país, não temos um dia de paz.

A doença é grave, o vírus é absurdamente difícil de ser contido, mas organização e priorização da vida poderiam ter nos levado a um cenário muito menos desolador.

A conta é simples. Temos 3% da população mundial e 10% das mortes pela doença. Foi muito trabalho a favor do vírus para que chegássemos a esse nível de calamidade.

Vide o relatório “Direitos na Pandemia – Mapeamento e Análise das Normas Jurídicas de resposta à COVID-19 no Brasil”, produzido por pesquisadores brasileiros em janeiro de 2021 e que analisou 3.049 normas relacionadas à covid editadas no âmbito da União durante o ano de 2020.

OPINIÃO

Se não posso chamar de genocida, eu chamo de quê?

23.fev.2021 – O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) durante solenidade da Agenda Prefeito + Brasil, no Palácio do PlanaltoImagem: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo
Júlia Rocha

16/03/2021 10h36
Um ano de pandemia não foi suficiente para que o país que ostenta o posto de uma das maiores economias do mundo se organizasse para reduzir os impactos de uma doença tão grave quanto possível de ser evitada.

Eu não tenho a menor expectativa de que um governo genocida como este vá mudar de time a essa altura do campeonato. Nem eu nem qualquer um que entende a intenção fascista de extermínio que ele deixa às claras. Doze meses e quatro ministros da saúde depois, o estado brasileiro não consegue (digo, não quer) se organizar para coordenar ao menos uma única reação razoável a este aterrorizante estado de coisas.

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O dia de ontem enterrou qualquer possibilidade de manejo razoável desse caos e reforçou a necessidade de organização política da sociedade para frear esse genocídio perpetrado por quem deveria nos dar saídas e nos proteger.

Ludhmila Hajjar, cotada para assumir o posto de Ministra da Saúde, recusou o convite por não ter havido, segundo ela, “convergência técnica” entre seus preceitos científicos e o governo negacionista de Jair. Quem se surpreende?

Veja: em uma pandemia de dimensões apocalípticas, uma médica séria, que guia suas decisões baseadas nas melhores evidências científicas disponíveis, que propõe medidas razoáveis de enfrentamento que no final das contas poderiam salvar dezenas de milhares de vidas não serve para comandar o Ministério da Saúde. Não se encaixa.

Aí eu pergunto: quem serve? Quem se encaixa?

Se eu não posso chamar o chefe do planalto de genocida, vou chamar de quê?

Para os que defendem que a vida deve seguir em frente pois isolamento social, lockdown e fechamento do comércio quebram a economia, cá estamos nós com as piores consequências da pior gestão possível desta crise.

Não temos saúde, não temos empregos, não temos comida na mesa de todos os brasileiros, não temos país, não temos um dia de paz.

A doença é grave, o vírus é absurdamente difícil de ser contido, mas organização e priorização da vida poderiam ter nos levado a um cenário muito menos desolador.

A conta é simples. Temos 3% da população mundial e 10% das mortes pela doença. Foi muito trabalho a favor do vírus para que chegássemos a esse nível de calamidade.

Vide o relatório “Direitos na Pandemia – Mapeamento e Análise das Normas Jurídicas de resposta à COVID-19 no Brasil”, produzido por pesquisadores brasileiros em janeiro de 2021 e que analisou 3.049 normas relacionadas à covid editadas no âmbito da União durante o ano de 2020.

O relatório concluiu que houve estratégia federal de disseminação da Covid-19 que descreveu como “um ataque sem precedentes aos direitos humanos no Brasil”. Quem precisa de mutação com uma liderança política dessas?

Enquanto cientistas discutem a eficácia de máscaras PFF, enquanto países distribuem estas máscaras aos seus habitantes, enquanto médicos entendem e estudam a eficácia de tratamentos comprovadamente eficazes na abordagem de pacientes graves, enquanto continentes inteiros fecham suas fronteiras para visitantes, exigem uma sequência de testes negativos além de quarentena rígida em hotéis especialmente destinados a isso,.

O Brasil segue aberto, deixando e incentivando o espalhamento do vírus e acuando prefeitos e governadores para que se desgastem até a última gota sem que o planalto precise se comprometer. É a eleição de 2022 que importa, não a vida dos nossos familiares!

É muito importante que uma coisa fique clara. Não é só de lockdown que vive um país que reage razoavelmente à pandemia.

Há máscaras eficientes, há educação da população para um convívio social minimamente seguro, há capacitação continuada de mais profissionais da saúde no atendimento de pacientes críticos, há garantia de pagamento sem atraso dos seus salários, há atenção logística para cuidados distribuição de suprimentos, há redirecionamento da produção industrial nacional para a fabricação dos insumos essenciais para a adequada assistência.

Há fechamento de fronteiras, há testes, rastreamento de contatos, há garantia de subsistência para que doentes façam quarentena, há respeito  às evidências e uso racional dos recursos na compra de medicações que efetivamente funcionam, há compra de vacinas, há programa nacional de vacinação robusto, há discurso científico para desmobilizar grupos que incentivam uso irracional de medicações ineficientes, há auxílio emergencial para que ninguém morra de fome, há fechamento oportuno e reabertura consciente, há vigilância dos dados e valorização dos quadros técnicos das instituições brasileiras que já fazem coisas parecidas com essas desde que o SUS é SUS

Não temos reação nacional a este caos por que esta é a intenção de um governo genocida.

Um governo que merece e conquista o direito de ser chamado assim. Genocida por que mata e deixa morrer.

Para um governo genocida, muito genocida, mesmo, mais importante que escolher uma médica capaz de salvar vidas com uma correta gestão desta pandemia é intimar para depor quem o chama daquilo que ele é. Genocida.

Julia Rocha

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