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José Serra provoca reviravolta na estabilidade eleitoral dos tucanos em São Paulo e some

Uma conversa dura, que adentrou na madrugada de hoje, com cobranças de lealdade e imposições por parte do ex-governador José Serra, ocorreu no apartamento do ex-prefeito Gilberto Kassab, nos Jardins.

O presidente do PSD que, àquela altura, ainda vinha mantendo conversas avançadas com o governador Geraldo Alckmin para uma coligação com o PSDB, foi posto contra a parede por Serra.

O resultado foi uma surpreendente aliança entre PSD e PMDB, que dá ao candidato Paulo Skaf a maior fatia do tempo de televisão em São Paulo – mais de sete minutos, contra cinco do atual governador, que concorre à reeleição.

Na noite de ontem, Serra exigiu que Kassab levasse o PSD a aliar-se com os tucanos, mas sem ocupar a vaga de candidato a senador oferecido por Alckmin ao próprio Kassab. “A vaga é minha”, teria dito Serra, na versão que corre entre os políticos cientes do estrago que isso provocou no PSDB.

Na manhã de sexta-feira (27), ainda com as palavras duras de Serra reverberando em sua memória, Kassab comandou uma articulação relâmpago. Mas completamente diversa da que vinha trilhando.

Depois de contatos com o vice-presidente Michel Temer, o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles e o presidente licenciado da Fiesp Paulo Skaf, Kassab foi rápido em anunciar que a convenção do PSD, que acontece hoje, vai aclamar a coligação do partido com o PMDB. Num gesto dirigido diretamente contra Serra, nas circunstâncias, sinalizou que o candidato a senador do novo time será Meirelles.

O governador Geraldo Alckmin, ao saber da ira que Serra havia despertado em Kassab, tentou interferir ao longo de todo o dia.

Seu plano contemplava Serra como vice na chapa de Aécio Neves para presidente. O governador paulista estava disposto a insistir com o senador mineiro sobre essa acomodação, mas tinha percebido, noite da terça-feira 24, quando Aécio deu o bolo na noite de autógrafos de Serra em seu livro “50 Anos Esta Noite”, que a missão seria bem difícil. Ainda assim, continuava disposto a operar politicamente para devolver Serra para a esfera nacional.

Alckmin procurou falar com Serra, ao menos para ter a versão dele sobre como fora a conversa com Kassab. O ex-governador, no entanto, não foi localizado por nenhum dos radares dos tucanos, não atendendo telefonemas. O sumiço dele depois da noite tormentosa com Kassab irritou também a Alckmin.

Todo esforço do governador paulista, para atrair o PSD para sua coligação tinha, também, o sentido de não fortalecer o candidato do PMDB. Paulo Skaf que é o mais próximo perseguidor de Alckmin nas pesquisas, e está em melhores condições, com 21% no Datafolha, de atrapalhar seus planos de vencer em primeiro turno.

Agora, além desses percentuais, ele passa a ter o maior tempo de televisão. Tudo o que Alckmin não queria era perder a chance de contar com o PSD e ter Kassab em seu campo.

Atropelando os fatos, interessado acima de tudo em concorrer ao Senado – privilégio que Alckmin gostaria de ter dado a Kassab -, Serra, ao entrar no apartamento do ex-prefeito, se encarregou de explodir as pontes lançadas por Alckmin. Ele exigiu de seu antigo vice uma fidelidade que, como demonstrou o fundador do PSD, ele não acredita dever.

Curiosamente, dias atrás, Serra afirmou que iria se dedicar a “não atrapalhar o PSDB”. Atrapalhou, e muito.  

Fonte: B.247/Redação cljornal.

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