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METRÔ: PREFEITURA TEME QUE PARALELA VIRE NOVO BONOCÔ

A demora percebida pelo governador Rui Costa e vereadores do PT na concessão do alvará para a construção do Metrô na Paralela pela Prefeitura de Salvador é real. Mas ela decorre mais de uma preocupação técnica de setores da municipalidade do que de um problema político.

 

Um quadro importante da Prefeitura afirmou que, no âmbito da máquina municipal, todos que tratam do assunto entendem a pressa do governo em iniciar as obras, mas se resguardam o direito de discutir profundamente o impacto do empreendimento “em benefício da cidade”.

 

“Não podemos deixar que a Paralela se transforme numa nova Bonocô”, afirma ele, referindo-se a uma das principais vias da cidade que, em sua avaliação, foi profundamentamente “enfeiada”, de maneira irreversível, pelas obras da primeira etapa do metrô de Salvador, executadas na gestao do ex-prefeito Joao Henrique.

 

Ele lembra que a Paralela é a principal via de acesso à cidade, por onde passa quem chega a Salvador pelo Aeroporto Internacional Luis Eduardo Magalhães. Segundo a mesma fonte, a demora na concessao do alvará decorre da análise a que o projeto de construção do equipamento está sendo submetido pela Fundação Mário Leal Ferreira.

 

Trata-se do órgão municipal encarregado de avaliar todos os projetos de intervenção urbana em Salvador. Setores da Fundação prefeririam que o metrô fosse subterrâneo, como é na maioria das capitais no mundo, de forma a não provocar nenhum impacto estético indesejado na cidade.

 

Mas a alternativa foi descartada dada a elevação dos custos para a implantação do equipamento. Um quadro da entidade diz que, neste momento, a Fundação trabalha no sentido de melhorar “substancialmente” o projeto, daí a demora na determinação para que o alvará seja concedido.

 

Ele destaca ainda o respeito que o prefeito ACM Neto (DEM) tem devotado ao trabalho técnico da Fundação, procurando evitar influenciá-la politicamente. “Acredito ser difícil para Neto aceitar um projeto com estas características. Isso pode marcar indelevelmente a administração de alguém que quer crescer na política”, filosofa.

 

Outra situação que chama a atenção de outro representante da Prefeitura é a completa falta de discussão sobre o impacto do metro na Paralela por parte do Ministério Público e de organizações da sociedade civil como o movimento “Participa Salvador”, muito atuante em relação a outros assuntos que dizem respeito à cidade.

 

“Tem uma promotora aí que até quando você muda uma árvore ela vem em cima, alegando impacto estético. E sobre o metrô, por que não abre a boca?”, provoca, sem citar nomes. Foi para viabilizar a realização das obras do metrô que o governador tomou a iniciativa, no mês passado, de procurar o prefeito.

 

Os dois não se falavam desde a campanha estadual, na qual bateram boca, o que resultou em processos judiciais mútuos. Esta semana, Neto anunciou que abriu mão da ação judicial contra Rui numa nítida iniciativa para manter o nível de distensionamento com o governo.

 

Ontem, durante um evento do governo, Rui disse que já estava tudo pronto para iniciar as obras do metro, mas ressalvou que só dependia da concessão do alvará pela Prefeitura. No mesmo ato, destacou que a Paralela ficaria ainda mais arborizada com o equipamento.

 

Na Prefeitura, a declaração foi vista como um sinal, da parte do governador, de que ele está sensível aos argumentos de representantes do município de que o metrô não pode deixar a Paralela “tão feia quanto a Bonocô”.

 

Embora o alvará não tenha sido concedido até agora, Prefeitura e governo continuam mantendo conversas semanais sobre o assunto, nas quais tomam parte o chefe da Casa Civil do município, Luiz Carrera, e o secretário estadual da Casa Civil, Bruno Dauster.

Fonte: Política Livre

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