Tempo - Tutiempo.net

Polícia prende ex-senador bolsonarista, Telmário Mota, por mandar matar a ex-companheira

Preso ex-senador Telmário Mota

A Polícia Civil que procurava localizar e prender o ex-senador Telmário Miranda (Solidariedade-RR), acusado de mandar assassinar Antônia Araújo de Souza, mãe de sua filha, no dia 29 de setembro deste ano.

Foi preso pela Polícia Militar de Goiás na noite de segunda-feira (30) na cidade de Nerópolis, a 36 km de Goiânia.

Os policiais também continuam na busca de Harrison Nei Correa Mota, conhecido como Ney Mentira, e Leandro Luiz da Conceição, os executores da vítima.

A desavença familiar começou no dia dos pais de 2022, quando a filha de Mota e Araújo de Souza, uma adolescente, acusou o ex-senador de ter passado a mão em suas partes íntimas.

A mãe ficou ao lado da filha e registrou Boletim de Ocorrência contra o ex-senador.

“Por ele ser meu pai, por eu ter saído várias vezes com ele eu nunca imaginei [que isso aconteceria]. Desde pequena a gente mantinha contato, ele era distante, mas eu era a filha mais próxima dele.

Ele nunca tinha dado sinal de um comportamento assim comigo, nunca. Nem para mim, nem para as outras filhas dele. Abalou todo o meu mundo”, disse a filha de Telmário Mota na época.

De acordo com a investigação, Mota deu a ordem para o assassinato da ex-companheira após uma reunião em uma fazenda sua, a Caçada Real.

A moto utilizada pelos executores foi a chave para que a polícia desvendasse o crime. Ela teria sido preparada por uma ex-assessora do político.

Cabo eleitoral do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em Roraima, Mota tinha no deputado federal Ricardo Salles (PL-SP), ex-ministro do Meio Ambiente, um aliado no governo federal para lutar pelos interesses do agronegócio no norte do país.

Alexandre Saraiva, delegado da Polícia Federal e ex-superintendente do órgão na região amazônica, foi o autor de uma notícia-crime contra o ex-senador, por tentar prejudicar a ação policial contra madeireiros. Salles também é citado no documento.

Segundo Saraiva, Mota articulou reuniões com madeireiros da região, representantes do governo estadual, do Ministério da Justiça e do Ministério do Meio Ambiente, com a finalidade de frustrar a operação da Polícia Federal.

Em 2020, Mota apresentou um Projeto de Lei que previa em seu texto a retirada das armas de fiscais do Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama), agentes que constantemente se embrenham em matas para enfrentar a violência do agronegócio.

Sem qualquer pudor, Telmário Mota declarou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), nas eleições de 2018, quando concorreu, e perdeu, ao cargo de governador de Roraima, possuir 300 bicos de ave da raça combatente, que somavam um patrimônio de R$ 200 mil, e é uma espécie usada nas rinhas de galo, atividade ilegal no Brasil.

No entanto, Mota nunca escondeu ser adepto da atividade ou teve problemas em divulgá-las em suas redes sociais. Por conta disso, o ex-senador respondeu no Supremo Tribunal Federal (STF) por crime ambiental, mas os ministros da corte entenderam que o crime já havia prescrito e o absolveram, em 2016.

Edição: Vivian Virissimo

OUTRAS NOTÍCIAS